Fado  vivo!
«A vida está para quem pára,
Não para quem a separa. 
Dantes era soneto «parar é morrer», 
Hoje é conferência «parar é viver». 
Talvez seja estádio superior
Ou estado de alma interior,
Sei que ainda não alcancei
O triste dia das promessas que farei,
Sozinho ou solitário
Jamais, espero, em calada de falsário.
A morte há-de esperar pela vida,
Como as palavras esperam pela escrita.
E se nesta bandeja humana limpa e lisa
Plano dos restos da minha vivida rixa,
Creiam que regurgitarei infame 
E nunca esquecido será o meu nome.
Aproveitemos a terra que nos firma acossados,
Revisitemos os oráculos trespassados à modernidade
A final, todos morremos parados
E nenhum fado nos pesará por solidariedade.
Cantemo-lo pois, dificilmente, à voz possível, 
qualquer fado célere é fado inverosímil.»
Miguel Pessoa Campomaior, in "Poesias Urbanas"
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