Cavaco Silva, na noite em que venceu as eleições presidenciais, com 50,6% dos votos expressos, afirmou o seguinte:
"A eleição presidencial termina aqui. Também neste exacto momento se dissolve a maioria que me elegeu. Quero ser, e serei, o presidente de todos os portugueses".
Vamos lá a ver isto por partes:
Ora, assim sendo, e salvo melhor opinião, entendo que Cavaco mudou de agulha na apreciação aos resultados do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, em que o "sim" ganhou com 59,25% dos votos expressos:A eleição presidencial termina aqui: isto significa que Cavaco entende que a luta eleitoral e as divisões ente portugueses terminam quando o voto é exercido.Neste exacto momento se dissolve a maioria que me elegeu: Terminando a divisão entre candidatos e entre os respectivos apoiantes, deixa de haver votantes em Cavaco, Alegre, Soares, etc., a vontade popular nascida do voto deixa de ser de parte da população e passa a ser a de toda a população.
Agora Cavaco já não entende que a maioria que teve vencimento no referendo se dissolveu nessa noite, e já não entende que a instrução dada à Assembleia da República é de todo o povo português e não de apenas parte. Ou será que Cavaco intimamente entende que é Presidente de apenas 50,6% dos portugueses?...O Presidente da República (já agora, ele apelou à participação popular no referendo?...) diz agora que espera que as forças políticas encontrem soluções moderadas e equilibradas que possam contribuir para atenuar as divisões entre os portugueses, numa matéria que pode ter causado rupturas.
Tudo perfeitamente normal. Aliás, não me recordo bem quantos portugueses votaram nas eleições presidenciais. Será que se a lei eleitoral fosse igual à dos referendos, as presidenciais teriam sido vinculativas :)
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