quarta-feira, 15 de julho de 2009
A mentira dos spreads
A mentira dos spreads
sexta-feira, 24 de abril de 2009
A descer
A descer
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Que fique assim por muitos anos...
Que fique assim por muitos anos...
domingo, 28 de dezembro de 2008
Da ética
«Há milhares de empresas, grandes, pequenas e gigantes, espalhadas por esse mundo fora, onde a gestão é bem feita, o trabalho é sério, a produção é de qualidade e a comercialização é adequada. E, todavia, estão à beira da falência, suspendendo a produção, fechando para férias não desejadas nem previstas ou suplicando a ajuda dos governos. E, porquê? Porque o mercado não quer os seus produtos, porque não são concorrenciais? Não, porque o mercado não tem dinheiro para comprar o que produzem. E não tem, porque as poupanças médias foram sorvidas, melhor dizendo, roubadas, pelo sector financeiro especulativo. Não há dinheiro na mão dos consumidores porque os Oliveira Costa, os Rendeiros, os Madoff deste mundo agarraram nas poupanças que lhes confiaram e desbarataram-nas de duas maneiras: ou aplicando-as em pura especulação, sem qualquer critério de prudência e boa gestão; ou, pura e simplesmente, roubando-as, em benefício próprio.
Bernard Madoff representa o ponto extremo do capitalismo de sarjeta tão caro ao espírito «laissez faire, laissez passer» que os liberais dos tempos modernos nos venderam como cartilha tão infalível quanto a do marxismo-leninismo. Ambas têm em comum a capacidade notável de conduzir as nações à ruína, em benefício de uma restrita elite: a da casta dos «play-makers» da alta finança ou a dos quadros do Partido. Nicolae Ceausescu, que chefiava uma nação comunista e miserável, vivia rodeado de mordomias só comparáveis às dos marajás da Índia imperial: mas era tido e louvado como um ‘revolucionário socialista’. Bernard Madoff, que simbolizava exemplarmente o sonho americano de vir do nada até ao infinito, era cativante, ‘moderno’, filantropo, sócio do Palm Beach Country Club, garantia de seriedade e profissionalismo: um génio da finança, que se dava ao luxo de não aceitar qualquer cliente para a sua ‘grande mentira’. Com uma diferença: Ceausescu só enganava quem se queria deixar enganar; Madoff enganou todos, ao longo de trinta anos, e, entre eles, os melhores bancos do planeta, a fina flor dos analistas financeiros e as autoridades de suposta vigilância dos mercados americanos. Ah, e outra diferença: Ceausescu acabou preso e executado; Madoff está em casa, de pulseira electrónica e rodeado de luxo. Dir-me-ão que Ceausescu foi responsável pela morte de milhares de pessoas e Madoff não. Até certo ponto: Madoff levou e levará milhares de pessoas ao desemprego, milhares de famílias à miséria, dezenas de organizações de beneficência ao fim, alguns, mais desesperados, ao suicídio. Estou como o dr. Mário Soares: terá de haver sangue. Mas, forçosamente, suor e, desejavelmente, lágrimas.
Isto não é apenas uma crise económica, nem o resultado das aventuras criminosas de algumas ovelhas tresmalhadas do rebanho. Isto é, sobretudo, o resultado de uma crise de valores — políticos, sim, mas também éticos. É o resultado de o Estado se ter demitido do seu papel de vigilância e controlo dos poderosos e de a sociedade se ter dispensado de questionar a origem dessas súbitas e espantosas fortunas que cresceram debaixo dos nossos pés. O dinheiro deixou de ser um ponto de chegada para passar a ser um ponto de partida. Dantes, era necessário justificar socialmente a origem do dinheiro e nem mesmo os novos-ricos legítimos eram bem aceites; hoje, é o dinheiro que, por si só, justifica tudo. Lembro-me de o meu pai me contar que, num julgamento onde participava, apareceu para testemunhar um senhor com um ar importantíssimo e cheio de si que, perguntado pela profissão, respondeu: — Capitalista! A sala rebentou numa gargalhada e o juiz interpelou-o: — Isso não é profissão... — Pode crer que é, sr. dr. juiz! — volveu o tipo, sempre seguro de si e da sua importância. Sem o saber, estava, contudo, apenas a antecipar o que viria a ser a regra banal dos tempos de hoje. Nesses tempos de então, o homem mais rico de Portugal, António Champalimaud, detestava que alguém se atrevesse a tratá-lo por ‘capitalista’ e definia-se sempre como um ‘industrial’ — palavra que, a seus olhos, tinha quase uma conotação marxista, de quem se impunha pelo seu trabalho, pelo seu talento, pela obra feita e pela riqueza criada. Hoje, um dos homens que integra a lista dos dez mais ricos de Portugal, entrevistado neste mesmo jornal há tempos, revelava com orgulho que não dava trabalho a mais do que meia dúzia de ‘colaboradores’. Era e é um mero especulador bolsista, aplicando a velha máxima marxista de que o dinheiro gera dinheiro e convencido de que é um génio da finança e da ‘gestão’. Espero que esteja agora afogado nos fundos Madoff ou em barris de petróleo comprados a 147 dólares o barril, enquanto nós e o país sofríamos com os preços inflacionados por estes abutres do sistema...
A crença de que a sociedade e o poder político se tinham desinteressado de questionar a origem das fortunas e a legitimidade dos negócios puramente especulativos levou a uma espécie de embriaguez moral, que corrompeu sem remissão excelentes quadros financeiros, extremosos chefes de família e devotos cristãos sem mácula. Quando leio que as administrações do BCP — esse «case study» da excelência bancária — criaram dezassete «off-shores», que, entre outras coisas pouco recomendáveis, poderão ter servido também para comprar anonimamente acções do próprio branco e assim fazer subir artificialmente as suas cotações (e, logo, fazer empolar os resultados do exercício e os prémios de gestão dos próprios administradores), apercebo-me de que isto, a confirmar-se, é a completa falta de vergonha. Eram os gestores a usarem o dinheiro do banco para, indirectamente, se enriquecerem a si próprios. Ou seja, roubarem o próprio banco que geriam. E ainda querem a prisão preventiva para quem assalta carros?
Vi há dias uma manifestação de desempregados do Norte, gente que viu ir à falência uma série de empresas que nem sequer lhes pagaram os salários até ao encerramento. Eram umas duas centenas de trabalhadores, em representação de cerca de 6000 que estão nestas condições e que reclamavam uma coisa muito simples: se há dinheiro do Estado para pagar os buracos dos bancos, por que não há dinheiro para lhes pagar a eles e depois ir executar as empresas? De facto, eles têm toda, absolutamente toda, a razão. Trata-se de 90 milhões de euros que lhes são devidos — em comparação com os mil milhões já injectados nessa vergonha do BPN ou os 450 milhões de aval (obviamente perdidos) nessa brincadeira do BPP. É indispensável que haja um mínimo de moralidade em toda esta escandaleira. É preciso que não sejam os contribuintes e os trabalhadores sem culpa alguma a pagar a factura dos crimes alheios, para que eles fiquem apenas menos ricos e impunes e possam, mais adiante, retomar o «business as usual» e voltar a reclamar os mesmos privilégios, atenções e louvores do costume. Por muito menos do que isto fizeram-se revoluções. »
Da ética
«Há milhares de empresas, grandes, pequenas e gigantes, espalhadas por esse mundo fora, onde a gestão é bem feita, o trabalho é sério, a produção é de qualidade e a comercialização é adequada. E, todavia, estão à beira da falência, suspendendo a produção, fechando para férias não desejadas nem previstas ou suplicando a ajuda dos governos. E, porquê? Porque o mercado não quer os seus produtos, porque não são concorrenciais? Não, porque o mercado não tem dinheiro para comprar o que produzem. E não tem, porque as poupanças médias foram sorvidas, melhor dizendo, roubadas, pelo sector financeiro especulativo. Não há dinheiro na mão dos consumidores porque os Oliveira Costa, os Rendeiros, os Madoff deste mundo agarraram nas poupanças que lhes confiaram e desbarataram-nas de duas maneiras: ou aplicando-as em pura especulação, sem qualquer critério de prudência e boa gestão; ou, pura e simplesmente, roubando-as, em benefício próprio.
Bernard Madoff representa o ponto extremo do capitalismo de sarjeta tão caro ao espírito «laissez faire, laissez passer» que os liberais dos tempos modernos nos venderam como cartilha tão infalível quanto a do marxismo-leninismo. Ambas têm em comum a capacidade notável de conduzir as nações à ruína, em benefício de uma restrita elite: a da casta dos «play-makers» da alta finança ou a dos quadros do Partido. Nicolae Ceausescu, que chefiava uma nação comunista e miserável, vivia rodeado de mordomias só comparáveis às dos marajás da Índia imperial: mas era tido e louvado como um ‘revolucionário socialista’. Bernard Madoff, que simbolizava exemplarmente o sonho americano de vir do nada até ao infinito, era cativante, ‘moderno’, filantropo, sócio do Palm Beach Country Club, garantia de seriedade e profissionalismo: um génio da finança, que se dava ao luxo de não aceitar qualquer cliente para a sua ‘grande mentira’. Com uma diferença: Ceausescu só enganava quem se queria deixar enganar; Madoff enganou todos, ao longo de trinta anos, e, entre eles, os melhores bancos do planeta, a fina flor dos analistas financeiros e as autoridades de suposta vigilância dos mercados americanos. Ah, e outra diferença: Ceausescu acabou preso e executado; Madoff está em casa, de pulseira electrónica e rodeado de luxo. Dir-me-ão que Ceausescu foi responsável pela morte de milhares de pessoas e Madoff não. Até certo ponto: Madoff levou e levará milhares de pessoas ao desemprego, milhares de famílias à miséria, dezenas de organizações de beneficência ao fim, alguns, mais desesperados, ao suicídio. Estou como o dr. Mário Soares: terá de haver sangue. Mas, forçosamente, suor e, desejavelmente, lágrimas.
Isto não é apenas uma crise económica, nem o resultado das aventuras criminosas de algumas ovelhas tresmalhadas do rebanho. Isto é, sobretudo, o resultado de uma crise de valores — políticos, sim, mas também éticos. É o resultado de o Estado se ter demitido do seu papel de vigilância e controlo dos poderosos e de a sociedade se ter dispensado de questionar a origem dessas súbitas e espantosas fortunas que cresceram debaixo dos nossos pés. O dinheiro deixou de ser um ponto de chegada para passar a ser um ponto de partida. Dantes, era necessário justificar socialmente a origem do dinheiro e nem mesmo os novos-ricos legítimos eram bem aceites; hoje, é o dinheiro que, por si só, justifica tudo. Lembro-me de o meu pai me contar que, num julgamento onde participava, apareceu para testemunhar um senhor com um ar importantíssimo e cheio de si que, perguntado pela profissão, respondeu: — Capitalista! A sala rebentou numa gargalhada e o juiz interpelou-o: — Isso não é profissão... — Pode crer que é, sr. dr. juiz! — volveu o tipo, sempre seguro de si e da sua importância. Sem o saber, estava, contudo, apenas a antecipar o que viria a ser a regra banal dos tempos de hoje. Nesses tempos de então, o homem mais rico de Portugal, António Champalimaud, detestava que alguém se atrevesse a tratá-lo por ‘capitalista’ e definia-se sempre como um ‘industrial’ — palavra que, a seus olhos, tinha quase uma conotação marxista, de quem se impunha pelo seu trabalho, pelo seu talento, pela obra feita e pela riqueza criada. Hoje, um dos homens que integra a lista dos dez mais ricos de Portugal, entrevistado neste mesmo jornal há tempos, revelava com orgulho que não dava trabalho a mais do que meia dúzia de ‘colaboradores’. Era e é um mero especulador bolsista, aplicando a velha máxima marxista de que o dinheiro gera dinheiro e convencido de que é um génio da finança e da ‘gestão’. Espero que esteja agora afogado nos fundos Madoff ou em barris de petróleo comprados a 147 dólares o barril, enquanto nós e o país sofríamos com os preços inflacionados por estes abutres do sistema...
A crença de que a sociedade e o poder político se tinham desinteressado de questionar a origem das fortunas e a legitimidade dos negócios puramente especulativos levou a uma espécie de embriaguez moral, que corrompeu sem remissão excelentes quadros financeiros, extremosos chefes de família e devotos cristãos sem mácula. Quando leio que as administrações do BCP — esse «case study» da excelência bancária — criaram dezassete «off-shores», que, entre outras coisas pouco recomendáveis, poderão ter servido também para comprar anonimamente acções do próprio branco e assim fazer subir artificialmente as suas cotações (e, logo, fazer empolar os resultados do exercício e os prémios de gestão dos próprios administradores), apercebo-me de que isto, a confirmar-se, é a completa falta de vergonha. Eram os gestores a usarem o dinheiro do banco para, indirectamente, se enriquecerem a si próprios. Ou seja, roubarem o próprio banco que geriam. E ainda querem a prisão preventiva para quem assalta carros?
Vi há dias uma manifestação de desempregados do Norte, gente que viu ir à falência uma série de empresas que nem sequer lhes pagaram os salários até ao encerramento. Eram umas duas centenas de trabalhadores, em representação de cerca de 6000 que estão nestas condições e que reclamavam uma coisa muito simples: se há dinheiro do Estado para pagar os buracos dos bancos, por que não há dinheiro para lhes pagar a eles e depois ir executar as empresas? De facto, eles têm toda, absolutamente toda, a razão. Trata-se de 90 milhões de euros que lhes são devidos — em comparação com os mil milhões já injectados nessa vergonha do BPN ou os 450 milhões de aval (obviamente perdidos) nessa brincadeira do BPP. É indispensável que haja um mínimo de moralidade em toda esta escandaleira. É preciso que não sejam os contribuintes e os trabalhadores sem culpa alguma a pagar a factura dos crimes alheios, para que eles fiquem apenas menos ricos e impunes e possam, mais adiante, retomar o «business as usual» e voltar a reclamar os mesmos privilégios, atenções e louvores do costume. Por muito menos do que isto fizeram-se revoluções. »
domingo, 21 de dezembro de 2008
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Antes tarde...
Antes tarde...
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
É deixá-los falir
- A Banca estava a pagar taxas de juro cada vez mais altas quando se estava a financiar no estrangeiro, isto por causa da crise de confiança do sistema financeiro;
- Em consequência, os juros para os clientes finais estavam também a aumentar (a euribor);
- Com as intervenções salvíficas dos Estados, a crise de "confiança" arrefeceu;
- Assim, as taxas de juros entre os bancos (euribor) estão em queda, ou seja, os bancos estão a pagar menos pelos seus financiamentos;
- A existência de um aval do Estado Português, fará com que as taxas de juro a pagar pelos bancos que àquele recorram tenderão a baixar;
- Logo, além de a Euribor estar em queda, o apoio do Estado Português fará com que as taxas de juro pagas pelos bancos desçam;
- Assim, a vontade que a Banca portuguesa tem de repercutir nos seus clientes as comissões a pagar para aceder ao Aval, demonstra à saciedade o seguinte:
É deixá-los falir
- A Banca estava a pagar taxas de juro cada vez mais altas quando se estava a financiar no estrangeiro, isto por causa da crise de confiança do sistema financeiro;
- Em consequência, os juros para os clientes finais estavam também a aumentar (a euribor);
- Com as intervenções salvíficas dos Estados, a crise de "confiança" arrefeceu;
- Assim, as taxas de juros entre os bancos (euribor) estão em queda, ou seja, os bancos estão a pagar menos pelos seus financiamentos;
- A existência de um aval do Estado Português, fará com que as taxas de juro a pagar pelos bancos que àquele recorram tenderão a baixar;
- Logo, além de a Euribor estar em queda, o apoio do Estado Português fará com que as taxas de juro pagas pelos bancos desçam;
- Assim, a vontade que a Banca portuguesa tem de repercutir nos seus clientes as comissões a pagar para aceder ao Aval, demonstra à saciedade o seguinte:
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
fundo de investimento imobiliário
Uma das medidas mais interessantes que constam do Orçamento de Estado para 2009 é a criação de um Fundo de Investimento imobiliário que, em traços largos, significa o seguinte:
- Um cidadão é proprietário de uma casa;
- Para adquiri-la, recorreu a crédito bancário;
- A sua casa está hipotecada como garantia de cumprimento do contrato;
- Em resultado da subida da Euribor, o cidadão está a pagar um valor mensal muito superior ao que pagava no início do seu contrato com o banco;
- O cidadão vende a casa ao Estado, paga antecipadamente o empréstimo e cancela a hipoteca com o Banco, que deixa de fazer parte da equação;
- O cidadão passa a pagar uma renda ao Estado;
- No fim do prazo convencionado (ou antes, se o pretender) o cidadão pode comprar a casa.
- Os cidadãos conseguirão pagar menos pelo mesmo bem;
- Os cidadãos terão a possibilidade de readquirir a sua casa até 2020;
- Os bancos verão injectada liquidez no curto, já que receberão de uma só vez aquilo que levaria mais umas dezenas de anos a ocorrer.
- Os cidadãos terão mais dinheiro nas mãos, o que possibilitará dinamizar a economia.
- Apenas beneficia os cidadãos já em incumprimento, o que pode conduzir a incumprimentos forçados, para se beneficiar deste mecanismo;
- Desconhece-se se aos bancos será permitido aplicar penalizações por amortizações antecipadas (o que parecerá - no mínimo - imoral, já que esta é mais uma medida de injecção de liquidez...);
- Desconhece-se se o valor de venda no futuro será o remanescente ou se será o valor de mercado. Mas lá está... em 2020 o Governo Sócrates já "estará morto"...
É por isto que julgo ser uma medida "semi-positiva": os grandes beneficiados são os bancos (recebem dinheiro fresco e livram-se das casas) e o problema de quem não tem dinheiro para pagar a prestação fica resolvido a curto prazo, mas adia-se para 2020.
Não chega para dizer que é uma medida má (como defende o Correio da Manhã), mas também não é verdadeiramente boa. Uma medida que resolveria, de modo mais justo, o problema da escalada dos juros seria a que já anteriormente referi, e que é defendida pelo membro do Conselho de Governadores, Lorenzo Bini Smaghi: «é necessário, por meios legais ou através de acordos privados, ligar a taxa dos empréstimos à taxa de referência do BCE em vez da Euribor»
fundo de investimento imobiliário
Uma das medidas mais interessantes que constam do Orçamento de Estado para 2009 é a criação de um Fundo de Investimento imobiliário que, em traços largos, significa o seguinte:
- Um cidadão é proprietário de uma casa;
- Para adquiri-la, recorreu a crédito bancário;
- A sua casa está hipotecada como garantia de cumprimento do contrato;
- Em resultado da subida da Euribor, o cidadão está a pagar um valor mensal muito superior ao que pagava no início do seu contrato com o banco;
- O cidadão vende a casa ao Estado, paga antecipadamente o empréstimo e cancela a hipoteca com o Banco, que deixa de fazer parte da equação;
- O cidadão passa a pagar uma renda ao Estado;
- No fim do prazo convencionado (ou antes, se o pretender) o cidadão pode comprar a casa.
- Os cidadãos conseguirão pagar menos pelo mesmo bem;
- Os cidadãos terão a possibilidade de readquirir a sua casa até 2020;
- Os bancos verão injectada liquidez no curto, já que receberão de uma só vez aquilo que levaria mais umas dezenas de anos a ocorrer.
- Os cidadãos terão mais dinheiro nas mãos, o que possibilitará dinamizar a economia.
- Apenas beneficia os cidadãos já em incumprimento, o que pode conduzir a incumprimentos forçados, para se beneficiar deste mecanismo;
- Desconhece-se se aos bancos será permitido aplicar penalizações por amortizações antecipadas (o que parecerá - no mínimo - imoral, já que esta é mais uma medida de injecção de liquidez...);
- Desconhece-se se o valor de venda no futuro será o remanescente ou se será o valor de mercado. Mas lá está... em 2020 o Governo Sócrates já "estará morto"...
É por isto que julgo ser uma medida "semi-positiva": os grandes beneficiados são os bancos (recebem dinheiro fresco e livram-se das casas) e o problema de quem não tem dinheiro para pagar a prestação fica resolvido a curto prazo, mas adia-se para 2020.
Não chega para dizer que é uma medida má (como defende o Correio da Manhã), mas também não é verdadeiramente boa. Uma medida que resolveria, de modo mais justo, o problema da escalada dos juros seria a que já anteriormente referi, e que é defendida pelo membro do Conselho de Governadores, Lorenzo Bini Smaghi: «é necessário, por meios legais ou através de acordos privados, ligar a taxa dos empréstimos à taxa de referência do BCE em vez da Euribor»
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Abanar a anca cinco minutos por dia nem sabe o bem que lhe fazia (XIV)
Jamiroquai - "Virtual Insanity"
Eu sei mas não digo. Perguntem a esta rapariga, talvez ela saiba.
...digam lá que não tinham saudades d’anca abanar?
Abanar a anca cinco minutos por dia nem sabe o bem que lhe fazia (XIV)
Jamiroquai - "Virtual Insanity"
Eu sei mas não digo. Perguntem a esta rapariga, talvez ela saiba.
...digam lá que não tinham saudades d’anca abanar?