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sábado, 27 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCVII) - DocLisboa 2007

Arquitectura de Peso, ***
No DocLisboa 2007 houve também espaço para a nova extravagância de Edgar Pêra – com o fim do festival a ficar cada vez mais perto, já se nota alguma nostalgia no português. Arquitectura de Peso, cine-sinfonetta muralista (vox populi vivace) este o nome completo do “ovni”. Com Edgar Pêra surge um problema: estamos sempre à espera de mais. Mais diferente, mais interveniente, mais diferente, mais estúpido. Nel Monteiro é uma personagem (como se diz na Argentina), mas não é a voz do povo. O povo é pior que aquilo, mas não é tão escatológico. É mais, digamos, decente(zinho). Pêra já mostrou muito melhor.

Lisboa Dentro, ****

Excelente surpresa. Um filme humilde como as casas que lhe servem de cenário. Mas sincero. Sem pretensão alguma que a de dar a conhecer a realidade. Isento, sem juízos de valor ou outros quaisquer. Não é assim que o documentário deve ser? Eu acho que sim. Infelizmente, como já dei a entender noutros textos sobre este festival, não é preciso ir muito longe, galgar oceanos e desertos, para encontrar pobreza, fome e indignidade humana. Elas estão ai, ao virar de uma esquina mais ou menos escura da nossa querida Lisboa. Que cai…, assim de podridão infiltrada em paredes de madeira. Ao ponto das doutorazinhas da "acção social" que são seguidas pela câmara não conseguirem travar a lágrima sincera de compaixão. Tudo isto existe. E não é fado. É a Lisboa antiga a cair de velha. Lamentavelmente, a cair de velha.

Campo Contra Campo (XCVII) - DocLisboa 2007

Arquitectura de Peso, ***
No DocLisboa 2007 houve também espaço para a nova extravagância de Edgar Pêra – com o fim do festival a ficar cada vez mais perto, já se nota alguma nostalgia no português. Arquitectura de Peso, cine-sinfonetta muralista (vox populi vivace) este o nome completo do “ovni”. Com Edgar Pêra surge um problema: estamos sempre à espera de mais. Mais diferente, mais interveniente, mais diferente, mais estúpido. Nel Monteiro é uma personagem (como se diz na Argentina), mas não é a voz do povo. O povo é pior que aquilo, mas não é tão escatológico. É mais, digamos, decente(zinho). Pêra já mostrou muito melhor.

Lisboa Dentro, ****

Excelente surpresa. Um filme humilde como as casas que lhe servem de cenário. Mas sincero. Sem pretensão alguma que a de dar a conhecer a realidade. Isento, sem juízos de valor ou outros quaisquer. Não é assim que o documentário deve ser? Eu acho que sim. Infelizmente, como já dei a entender noutros textos sobre este festival, não é preciso ir muito longe, galgar oceanos e desertos, para encontrar pobreza, fome e indignidade humana. Elas estão ai, ao virar de uma esquina mais ou menos escura da nossa querida Lisboa. Que cai…, assim de podridão infiltrada em paredes de madeira. Ao ponto das doutorazinhas da "acção social" que são seguidas pela câmara não conseguirem travar a lágrima sincera de compaixão. Tudo isto existe. E não é fado. É a Lisboa antiga a cair de velha. Lamentavelmente, a cair de velha.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCVI) - DocLisboa 2007

The Devil Came on Horseback, *****
Impressionante, poderoso, brutal, esmagador e mais as dezenas de adjectivos fortes que se quiserem. Confesso que não imaginava as atrocidades que se passam diariamente naquele canto inóspito do planeta. E o que é que o Direito Internacional faz? Não faz, obviamente; pois desde logo não existe ou não tem expressão para fazer seja o que for. Mas o caos no Darfur não é só um problema jurídico. É sobretudo um problema político que vaza numa tragédia humanitária inclassificável. No genocídio do Darfur somos todos culpados – sim, você também que lê este post. Eu também. Para início de conversa pode começar por visitar este, este e já agora este sítio. Provavelmente o filme mais impressionante que vi neste festival.

Alguna Tristeza, **
De Juan Alejandro Ramírez esta curta pretende ser uma história das dores de um povo. O Peru – só o nome assusta – é um dos países mais belos mas mais pobres da América Latina. Um Estado pobre e analfabeto é como uma criança com medo do castigo, diz-nos o realizador. Tem razão. Nós sabemos. Mutatis mutandis conhecemos bem este fado.

It´s Always late for freedom, ****
O desfilar de desgraças das muitas vidas que o mundo tem continuam neste filme de titulo genial que retrata desapaixonadamente e de forma paciente uma casa de correcção para menores em Teerão. Nas margens cinematográficas, o Irão surge pujante. Basta estarmos atentos.

At the Datcha, ***
Esta curta mostra-nos uma muito divertida família de surdos-mudos polacos nas suas humildes ferias de verão. Finalmente vejo um filme sobre coisas boa neste festival o que me faz recordar que o afinal o mundo que o DocLisboa 2007 trouxe a nossa casa não é só composto por desgraças. Até na fatalidade pode haver boa disposição. Um filme simples como a família retratada.

SchoolScapes, ****
Quantos planos deve ter um filme de oitenta minutos para ser excelente? Quarenta é um número suficiente? Ao ponto a que isto chegou – contar os planos que um filme tem. O espectador gosta de acção mas o mundo não se faz sem contemplação. Eu gosto de cinema assim. Lento mas pleno de vida. David MacDougall, consagrado realizador australiano de cinema dito etnográfico, dá-nos a conhecer esta escola indiana onde, como já alguem deve ter dito, todos gostaríamos de ter andado. Delicioso.

Campo Contra Campo (XCVI) - DocLisboa 2007

The Devil Came on Horseback, *****
Impressionante, poderoso, brutal, esmagador e mais as dezenas de adjectivos fortes que se quiserem. Confesso que não imaginava as atrocidades que se passam diariamente naquele canto inóspito do planeta. E o que é que o Direito Internacional faz? Não faz, obviamente; pois desde logo não existe ou não tem expressão para fazer seja o que for. Mas o caos no Darfur não é só um problema jurídico. É sobretudo um problema político que vaza numa tragédia humanitária inclassificável. No genocídio do Darfur somos todos culpados – sim, você também que lê este post. Eu também. Para início de conversa pode começar por visitar este, este e já agora este sítio. Provavelmente o filme mais impressionante que vi neste festival.

Alguna Tristeza, **
De Juan Alejandro Ramírez esta curta pretende ser uma história das dores de um povo. O Peru – só o nome assusta – é um dos países mais belos mas mais pobres da América Latina. Um Estado pobre e analfabeto é como uma criança com medo do castigo, diz-nos o realizador. Tem razão. Nós sabemos. Mutatis mutandis conhecemos bem este fado.

It´s Always late for freedom, ****
O desfilar de desgraças das muitas vidas que o mundo tem continuam neste filme de titulo genial que retrata desapaixonadamente e de forma paciente uma casa de correcção para menores em Teerão. Nas margens cinematográficas, o Irão surge pujante. Basta estarmos atentos.

At the Datcha, ***
Esta curta mostra-nos uma muito divertida família de surdos-mudos polacos nas suas humildes ferias de verão. Finalmente vejo um filme sobre coisas boa neste festival o que me faz recordar que o afinal o mundo que o DocLisboa 2007 trouxe a nossa casa não é só composto por desgraças. Até na fatalidade pode haver boa disposição. Um filme simples como a família retratada.

SchoolScapes, ****
Quantos planos deve ter um filme de oitenta minutos para ser excelente? Quarenta é um número suficiente? Ao ponto a que isto chegou – contar os planos que um filme tem. O espectador gosta de acção mas o mundo não se faz sem contemplação. Eu gosto de cinema assim. Lento mas pleno de vida. David MacDougall, consagrado realizador australiano de cinema dito etnográfico, dá-nos a conhecer esta escola indiana onde, como já alguem deve ter dito, todos gostaríamos de ter andado. Delicioso.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

La Liste de Carla, ****
A esquerda caviar e caceteira não gostou deste doc que nos mostra os trabalhos de Carla Del Ponte, Procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslavia. Compreende-se. Mexer no armário pode acarretar ter de arrumar uma série de esqueletos, actividade trabalhosa e desagradável.
O melhor do filme é a exposição a nu da fraqueza dessa coisa extravagante a que chamam Direito Internacional. Coisa fraca, pobre, ineficaz e acima de tudo assente em pilares ocos e fundamentos subjectivos v.g. o vazio no discurso de Carla sobre o seu conceito de Justiça. Este filme confirma que o Direito Internacional enquanto ordenamento jurídico encontra-se não na pré historia mas sim fora da história.

El Ejido, the law of profit, *****
Porque é que me ofereci a este festim de desgraças humanas, é uma pergunta que tenho feito muitas vezes a mim mesmo durante este festival. A incrível bolsa de miséria que é o trabalho escravo efectuado pelos Marroquinos que sobrevivem nas estufas de El Ejido é uma afronta à Europa da Dignidade Humana e à Espanha do Socialismo fiteiro de Zapatero. Numa aliança perfeita entre exploradores e autoridades (a ASAE não mora aqui!), a lei do lucro impõem-se à lei do mercado e aos mais elementares princípios das nações ditas civilizadas. Simplesmente incrível. Cinematograficamente muito bom. Devia ser visto por todos.

A noite terminou de forma um pouco extravagante no Grande Auditório da Culturgest com o lixo deixado pelo Império Soviético – obviamente a esquerda caviar também não foi ver estes fragmentos. A esquerda caviar só vê e comenta nos blogues o que lhe aproveita. Por isso convence cada vez menos e enjoa cada vez mais. Vamos ao que interessa: Em Cherkasy (***) encontramos os filhos da Sociedade do Risco, crianças desfiguradas física e mentalmente pela tragedia de Chernobyl; arrepiante. Em Artel (**) o trabalho piscatório junto ao Mar de Barents - como se pode ver pela imagem - segue hoje praticamente como há mil anos. O império Soviético não deve ter lá chegado; excelente fotografia. Em Scythian Suite (****) encontramos um brilhante fresco sobre a vida nos Gulag Estalinistas. Podemos assim conhecer uma realidade que nos fará tremer sempre que ouviçamos a palavra comunismo; grande filme. Sobre 1937 (*) só posso dizer que sai a meio; alguma vez havia de ser a primeira.

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

La Liste de Carla, ****
A esquerda caviar e caceteira não gostou deste doc que nos mostra os trabalhos de Carla Del Ponte, Procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslavia. Compreende-se. Mexer no armário pode acarretar ter de arrumar uma série de esqueletos, actividade trabalhosa e desagradável.
O melhor do filme é a exposição a nu da fraqueza dessa coisa extravagante a que chamam Direito Internacional. Coisa fraca, pobre, ineficaz e acima de tudo assente em pilares ocos e fundamentos subjectivos v.g. o vazio no discurso de Carla sobre o seu conceito de Justiça. Este filme confirma que o Direito Internacional enquanto ordenamento jurídico encontra-se não na pré historia mas sim fora da história.

El Ejido, the law of profit, *****
Porque é que me ofereci a este festim de desgraças humanas, é uma pergunta que tenho feito muitas vezes a mim mesmo durante este festival. A incrível bolsa de miséria que é o trabalho escravo efectuado pelos Marroquinos que sobrevivem nas estufas de El Ejido é uma afronta à Europa da Dignidade Humana e à Espanha do Socialismo fiteiro de Zapatero. Numa aliança perfeita entre exploradores e autoridades (a ASAE não mora aqui!), a lei do lucro impõem-se à lei do mercado e aos mais elementares princípios das nações ditas civilizadas. Simplesmente incrível. Cinematograficamente muito bom. Devia ser visto por todos.

A noite terminou de forma um pouco extravagante no Grande Auditório da Culturgest com o lixo deixado pelo Império Soviético – obviamente a esquerda caviar também não foi ver estes fragmentos. A esquerda caviar só vê e comenta nos blogues o que lhe aproveita. Por isso convence cada vez menos e enjoa cada vez mais. Vamos ao que interessa: Em Cherkasy (***) encontramos os filhos da Sociedade do Risco, crianças desfiguradas física e mentalmente pela tragedia de Chernobyl; arrepiante. Em Artel (**) o trabalho piscatório junto ao Mar de Barents - como se pode ver pela imagem - segue hoje praticamente como há mil anos. O império Soviético não deve ter lá chegado; excelente fotografia. Em Scythian Suite (****) encontramos um brilhante fresco sobre a vida nos Gulag Estalinistas. Podemos assim conhecer uma realidade que nos fará tremer sempre que ouviçamos a palavra comunismo; grande filme. Sobre 1937 (*) só posso dizer que sai a meio; alguma vez havia de ser a primeira.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

A Casa do Barqueiro, ****
Esta média mereceu totalmente o enorme aplauso de toda a sala no final da projecção. É um dos melhores momentos do festival. O doc de Jorge Murteira é uma enorme metáfora animada de Portugal (e não de um certo Portugal). Este Portugal de hoje: envelhecido, analfabeto, abrutalhado, preguiçoso, indolente, alcoólico, com uma administração publica miserável e anacrónica e uma terra linda por natureza.

Kamp Katrina, **
O terceiro mundo é aqui, rejubilava a impressa de ontem com mais uma montra da pobreza do gigante americano. Estava dado o mote para mais do mesmo. Assim foi. Os novos voyeurs da tragédia americana enchem a sala para verem andrajosos que tentam salvar andrajosos. Ali no Intendente ou no Casal Ventoso também há disso. Esquizofrénicos. Três refeições quentes servidas por voluntários. Também há tendas e seringas, coca e heroína. E bebes prematuros, também. A câmara de vídeo está lá em casa, esperando que um dia me apeteça fazer um filme assim. Pode ser que seja exibido num qualquer festival de cinema documental em New Orleans.
“Lembra o celebre Torrebela” dizia a sinopse oficial. Mentirosos!
Repete dia 26 no Grande Auditório da Culturgest às 14.30. De fugir e nem para traz olhar.

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

A Casa do Barqueiro, ****
Esta média mereceu totalmente o enorme aplauso de toda a sala no final da projecção. É um dos melhores momentos do festival. O doc de Jorge Murteira é uma enorme metáfora animada de Portugal (e não de um certo Portugal). Este Portugal de hoje: envelhecido, analfabeto, abrutalhado, preguiçoso, indolente, alcoólico, com uma administração publica miserável e anacrónica e uma terra linda por natureza.

Kamp Katrina, **
O terceiro mundo é aqui, rejubilava a impressa de ontem com mais uma montra da pobreza do gigante americano. Estava dado o mote para mais do mesmo. Assim foi. Os novos voyeurs da tragédia americana enchem a sala para verem andrajosos que tentam salvar andrajosos. Ali no Intendente ou no Casal Ventoso também há disso. Esquizofrénicos. Três refeições quentes servidas por voluntários. Também há tendas e seringas, coca e heroína. E bebes prematuros, também. A câmara de vídeo está lá em casa, esperando que um dia me apeteça fazer um filme assim. Pode ser que seja exibido num qualquer festival de cinema documental em New Orleans.
“Lembra o celebre Torrebela” dizia a sinopse oficial. Mentirosos!
Repete dia 26 no Grande Auditório da Culturgest às 14.30. De fugir e nem para traz olhar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCIV) - DocLisboa 2007

Beth´s Diary,***
Diário em forma de curta de uma ex-toxicodependente, prostituta com um passado miserável desde a sua infância. É um filme triste que vale pela manufactura de imagens a lembrar o universo de Nan Goldin. Mais uma rajada gelada do Vento Norte deste festival.

Enemies of Happiness,*****
Afeganistão, pós-invasão aliada. Este é o filme que conta a vida de uma jovem que diz não perceber nada de música. Alias, a única coisa que ela diz julgar perceber um pouco é de politica. O melhor filme que vi até agora. Obra-prima absoluta de coragem. Quer de Malalai Joya, a protagonista – actualmente deputada no parlamento afegão, quer das realizadoras Eva Mulvad e Anja Al-Erhayem. A força de Malalai, a sua batalha pelos mais elementares direitos consagrados no ocidente chocam brutalmente com uma cultura, aos nossos olhos, arcaica, barbara e primária. Este filme merecia exibição comercial. E divulgação universal.

The Mall,**
Mais estranhas formas de vida. Uma curta sobre um tema que merecia melhor e maior tratamento. “Escravos” que dormem durante a semana nas fundações de um prédio israelita em construção. Claramente dejaustada no programa.

These Girls,***
Retrato impressionante de um grupo de crianças, por vezes mães, vagabundas no Cairo. Filmado com enorme paciência e muita violência.

Karima,***
Profissão: dominatrix. Algo decepcionante esta historia contada por Clarisse Hahn de uma jovem de 22 anos de origem Argelina que vive em Paris. Hahn cede à tentação de mostrar demais quando devia sim procurar encontrar respostas. Ainda assim vale pela força das imagens, casando bem os diferentes patamares da vida de Karima. Quem pensava que em “Little Miss Sunshine” tinha encontrado a família mais disfuncional da história do cinema, devia por os olhos no ambiente que envolve o crescimento das irmãs e sobrinhas de Karima. Com uma diferença fundamental. A violência da vida aqui é real.

Campo Contra Campo (XCIV) - DocLisboa 2007

Beth´s Diary,***
Diário em forma de curta de uma ex-toxicodependente, prostituta com um passado miserável desde a sua infância. É um filme triste que vale pela manufactura de imagens a lembrar o universo de Nan Goldin. Mais uma rajada gelada do Vento Norte deste festival.

Enemies of Happiness,*****
Afeganistão, pós-invasão aliada. Este é o filme que conta a vida de uma jovem que diz não perceber nada de música. Alias, a única coisa que ela diz julgar perceber um pouco é de politica. O melhor filme que vi até agora. Obra-prima absoluta de coragem. Quer de Malalai Joya, a protagonista – actualmente deputada no parlamento afegão, quer das realizadoras Eva Mulvad e Anja Al-Erhayem. A força de Malalai, a sua batalha pelos mais elementares direitos consagrados no ocidente chocam brutalmente com uma cultura, aos nossos olhos, arcaica, barbara e primária. Este filme merecia exibição comercial. E divulgação universal.

The Mall,**
Mais estranhas formas de vida. Uma curta sobre um tema que merecia melhor e maior tratamento. “Escravos” que dormem durante a semana nas fundações de um prédio israelita em construção. Claramente dejaustada no programa.

These Girls,***
Retrato impressionante de um grupo de crianças, por vezes mães, vagabundas no Cairo. Filmado com enorme paciência e muita violência.

Karima,***
Profissão: dominatrix. Algo decepcionante esta historia contada por Clarisse Hahn de uma jovem de 22 anos de origem Argelina que vive em Paris. Hahn cede à tentação de mostrar demais quando devia sim procurar encontrar respostas. Ainda assim vale pela força das imagens, casando bem os diferentes patamares da vida de Karima. Quem pensava que em “Little Miss Sunshine” tinha encontrado a família mais disfuncional da história do cinema, devia por os olhos no ambiente que envolve o crescimento das irmãs e sobrinhas de Karima. Com uma diferença fundamental. A violência da vida aqui é real.

Campo Contra Campo (XCIII) - DocLisboa 2007

My 9/11, **
Uma curta sem brilho em complemento de "Jesus Camp". Mais uma visão do 11 de setembro. Mais uma pagina das Torres Gémeas que voa para longe. Veio aqui parar ao DocLisboa para quê?

Jesus Camp, ***
Não alinho - por razões objectivas - no coro de loas e hossanas que por ai anda em razão do filme de Heidi Ewing e Rachel Grady. Não sendo estas senhoras nenhum Michael Moore de saias para lá caminham.
Escreveu Jorge Mourinha no Público de sexta feira passada: “ (…) O que torna Jesus Camp exemplar é o modo como combina o mais puro rigor documental e a reflexão cultural sobre o mundo em que vivemos. Em nenhum momento se sente da parte de Ewing e Grady um juízo de valor sobre as pessoas que estão a filmar (…). E as realizadoras dão espaço ao contraditório na pessoa de Mike Papantonio (…)”.
Erros e mentiras. O tal Papantonio não faz contraditório nenhum. Simplesmente funciona como papagaio das realizadoras ao fazer os juízos de valor que elas não quiseram fazer. Não compreender isto ou é desonestidade intelectual (dizendo o que o “leitor tipo” quer ouvir) ou é não compreender rigorosamente nada de cinema documental. Também pode ser as duas coisas.
Posto isto o filme é terrível e assustador, retratando uma realidade nauseabunda. Um dos momentos que mais marcam é quando Becky Fischer (a organizadora daquela lavagem cerebral infantil) diz para a câmara que um liberal extremista (uma expressão tão estúpida como “tolerância zero” ou “preto esbranquiçado”) ficará horrorizado ao ver aquele filme. Fica sem dúvida, um liberal ou qualquer outra pessoa que não seja um mentecapto. Mas fica mais tranquilo ao saber que aquela madrassa evangélica já foi encerrada. Ao invés, não temos noticia que nenhuma madrassa (as islâmicas, as verdadeiras) tenham algum dia sido encerrada. O Daniel tem um belo texto (carregadinho de juízos de valor e superioridade moral – como tal deve ser dado o habitual desconto) deste este filme no Arrastão.

Repetem, ambos, dia 22 pelas 22.30 na sala 2 do Londres. A passar.

Despuès de la Revolucion, *
Dois velhos paneleiros dançam no fino bairro de Palermo em Buenos Aires. Da rua saem para um sujo quarto de hotel onde se comem com lasciva. O realizador estava na sala. Meia hora após o inicio da sessão já metade dos pagantes tinha abandonado o seu lugar. Não por certo devido ao tema, mas porque a pobreza cinematográfica era evidente. Estoicamente aguentei os restantes trinta minutos. Mas confesso que foi para patear no final da sessão. E Buenos Aires não é assim.

Campo Contra Campo (XCIII) - DocLisboa 2007

My 9/11, **
Uma curta sem brilho em complemento de "Jesus Camp". Mais uma visão do 11 de setembro. Mais uma pagina das Torres Gémeas que voa para longe. Veio aqui parar ao DocLisboa para quê?

Jesus Camp, ***
Não alinho - por razões objectivas - no coro de loas e hossanas que por ai anda em razão do filme de Heidi Ewing e Rachel Grady. Não sendo estas senhoras nenhum Michael Moore de saias para lá caminham.
Escreveu Jorge Mourinha no Público de sexta feira passada: “ (…) O que torna Jesus Camp exemplar é o modo como combina o mais puro rigor documental e a reflexão cultural sobre o mundo em que vivemos. Em nenhum momento se sente da parte de Ewing e Grady um juízo de valor sobre as pessoas que estão a filmar (…). E as realizadoras dão espaço ao contraditório na pessoa de Mike Papantonio (…)”.
Erros e mentiras. O tal Papantonio não faz contraditório nenhum. Simplesmente funciona como papagaio das realizadoras ao fazer os juízos de valor que elas não quiseram fazer. Não compreender isto ou é desonestidade intelectual (dizendo o que o “leitor tipo” quer ouvir) ou é não compreender rigorosamente nada de cinema documental. Também pode ser as duas coisas.
Posto isto o filme é terrível e assustador, retratando uma realidade nauseabunda. Um dos momentos que mais marcam é quando Becky Fischer (a organizadora daquela lavagem cerebral infantil) diz para a câmara que um liberal extremista (uma expressão tão estúpida como “tolerância zero” ou “preto esbranquiçado”) ficará horrorizado ao ver aquele filme. Fica sem dúvida, um liberal ou qualquer outra pessoa que não seja um mentecapto. Mas fica mais tranquilo ao saber que aquela madrassa evangélica já foi encerrada. Ao invés, não temos noticia que nenhuma madrassa (as islâmicas, as verdadeiras) tenham algum dia sido encerrada. O Daniel tem um belo texto (carregadinho de juízos de valor e superioridade moral – como tal deve ser dado o habitual desconto) deste este filme no Arrastão.

Repetem, ambos, dia 22 pelas 22.30 na sala 2 do Londres. A passar.

Despuès de la Revolucion, *
Dois velhos paneleiros dançam no fino bairro de Palermo em Buenos Aires. Da rua saem para um sujo quarto de hotel onde se comem com lasciva. O realizador estava na sala. Meia hora após o inicio da sessão já metade dos pagantes tinha abandonado o seu lugar. Não por certo devido ao tema, mas porque a pobreza cinematográfica era evidente. Estoicamente aguentei os restantes trinta minutos. Mas confesso que foi para patear no final da sessão. E Buenos Aires não é assim.

sábado, 20 de outubro de 2007

Campo Conta Campo (XCII) - DocLisboa 2007

O balão do DocLisboa 2007 já vai alto. Acompanharei como puder, aqui no ARCÁDIA, aquilo que dizem ser a melhor mostra de sempre de cinema documental em Portugal.
E para mim a festa começou com duas excelente surpresas que arrivaram a Lisboa sopradas pelo Vento Norte (uma das secções do festival; a melhor até agora - tentarei explicar porque mais tarde) - surpresas porque não estavam nos meus planos inicias.

Family, ****
Esta é a historia de sami, dinamarques, filho de iemenitas, que após a morte do seu irmão mais velho e da sua mãe empreende uma busca pelo pai que nunca conheceu. Sami, acaba por voar até ao Yemen onde é recebido de braços abertos por um seu meio-irmão que é o Tony Carreira (com menos cabelo) lá da terra. Um filme cru, com as emoções à flor do vídeo, onde o choque cultural está sempre patente. Impressionante a longa sequência dos telefonemas de sami para o outro lado do mundo procurando ouvir a voz das suas origens e da sua indentidade. Por vezes, soberbo. "Family" repete dia 22 às 18.15 no Pequeno Auditório da Culturgest.

Cool and Crazy, ****
De Knut Erik Jensen, "Cool and Crazy" apresenta o coro dos pescadores da aldeia de Berlevåg, que se situa em pleno círculo polar árctico, proximo de Finnmark. Retrato dessa gente que sobrevive do mar, mostra-nos, desde logo, como existem tantas Europas diferentes nesta Europa (cada vez mais) unida onde hoje vivemos. De uma beleza gélida tem o seu ponto alto na viagem do coro à vizinha (pobre e poluída) Murmansk- porto recentemente conhecido devido ao afundamento do submarino nuclear Kursk) na velha Rússia. Como é bom morar do lado certo da historia, concluem os pescadores Noruegueses. Todos, menos um, o Materialista Histórico do costume…
"Coll and Crazy" repete às 18.15 de dia 23, também no Pequeno Auditório da Culturgest.

Campo Conta Campo (XCII) - DocLisboa 2007

O balão do DocLisboa 2007 já vai alto. Acompanharei como puder, aqui no ARCÁDIA, aquilo que dizem ser a melhor mostra de sempre de cinema documental em Portugal.
E para mim a festa começou com duas excelente surpresas que arrivaram a Lisboa sopradas pelo Vento Norte (uma das secções do festival; a melhor até agora - tentarei explicar porque mais tarde) - surpresas porque não estavam nos meus planos inicias.

Family, ****
Esta é a historia de sami, dinamarques, filho de iemenitas, que após a morte do seu irmão mais velho e da sua mãe empreende uma busca pelo pai que nunca conheceu. Sami, acaba por voar até ao Yemen onde é recebido de braços abertos por um seu meio-irmão que é o Tony Carreira (com menos cabelo) lá da terra. Um filme cru, com as emoções à flor do vídeo, onde o choque cultural está sempre patente. Impressionante a longa sequência dos telefonemas de sami para o outro lado do mundo procurando ouvir a voz das suas origens e da sua indentidade. Por vezes, soberbo. "Family" repete dia 22 às 18.15 no Pequeno Auditório da Culturgest.

Cool and Crazy, ****
De Knut Erik Jensen, "Cool and Crazy" apresenta o coro dos pescadores da aldeia de Berlevåg, que se situa em pleno círculo polar árctico, proximo de Finnmark. Retrato dessa gente que sobrevive do mar, mostra-nos, desde logo, como existem tantas Europas diferentes nesta Europa (cada vez mais) unida onde hoje vivemos. De uma beleza gélida tem o seu ponto alto na viagem do coro à vizinha (pobre e poluída) Murmansk- porto recentemente conhecido devido ao afundamento do submarino nuclear Kursk) na velha Rússia. Como é bom morar do lado certo da historia, concluem os pescadores Noruegueses. Todos, menos um, o Materialista Histórico do costume…
"Coll and Crazy" repete às 18.15 de dia 23, também no Pequeno Auditório da Culturgest.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCI) - DocLisboa 2007

Sem querer, descubro que existem poucas coisas na vida que me motivam tanto como um festival de cinema. Descubro ainda que não devo ser o único. O festival começa apenas amanhã mas algumas sessões já se encontram esgotadas e dizem-me (na bilheteira do Londres) que ali, embora ainda não haja nenhuma sessão esgotada, "algumas delas já estão muito compostas". Porque falta uma bilheteira central (primeiro aspecto negativo) amanhã espero continuar a saga do "encontro com o bilhete". Como nem todos podem "acampar no festival", há que fazer escolhas. Tento guiar-me pelo que leio nos jornais e na blogosfera (nesta, para além do que ficou dito em post anterior, sugiro estes dois textos no Animatógrafo e no A Qualidade do Silêncio).

Campo Contra Campo (XCI) - DocLisboa 2007

Sem querer, descubro que existem poucas coisas na vida que me motivam tanto como um festival de cinema. Descubro ainda que não devo ser o único. O festival começa apenas amanhã mas algumas sessões já se encontram esgotadas e dizem-me (na bilheteira do Londres) que ali, embora ainda não haja nenhuma sessão esgotada, "algumas delas já estão muito compostas". Porque falta uma bilheteira central (primeiro aspecto negativo) amanhã espero continuar a saga do "encontro com o bilhete". Como nem todos podem "acampar no festival", há que fazer escolhas. Tento guiar-me pelo que leio nos jornais e na blogosfera (nesta, para além do que ficou dito em post anterior, sugiro estes dois textos no Animatógrafo e no A Qualidade do Silêncio).

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XC) - DocLisboa 2007

Absolutamente a não perder.
Para quem navega perdido na extensa programação do DocLisboa 2007, Daniel Oliveira dá uma preciosa ajuda. Contando-nos ainda que algumas sessões já estão esgotadas. É um aborrecimento quando a cultura chega ao grande público.

Campo Contra Campo (XC) - DocLisboa 2007

Absolutamente a não perder.
Para quem navega perdido na extensa programação do DocLisboa 2007, Daniel Oliveira dá uma preciosa ajuda. Contando-nos ainda que algumas sessões já estão esgotadas. É um aborrecimento quando a cultura chega ao grande público.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (LXXXVIII) - DocLisboa 2007

Para quem gosta de cinema, do bom cinema, este Outubro promete muito. Falta pouco, muito pouco para o Doclisboa 2007. Depois de me ter iniciado nas lides festivaleiras “da sétima” com o IndieLisboa deste ano, não quero outra coisa. A programação já está disponível aqui, podendo ser descarregada em pdf aqui. Ninguém nos pede que acompanhemos o festival na sua totalidade. Mas qualquer amante de cinema, num fugaz olhar na programação, descortina verdadeiras pérolas. Para quem deseja uma iniciação o melhor será mesmo deixar-se levar pela corrente de um festival que marcará, prometendo ser esta, de longe, a melhor e mais bem organizada edição do certame. Uma volta ao mundo em onze dias, absolutamente a não perder.

Campo Contra Campo (LXXXVIII) - DocLisboa 2007

Para quem gosta de cinema, do bom cinema, este Outubro promete muito. Falta pouco, muito pouco para o Doclisboa 2007. Depois de me ter iniciado nas lides festivaleiras “da sétima” com o IndieLisboa deste ano, não quero outra coisa. A programação já está disponível aqui, podendo ser descarregada em pdf aqui. Ninguém nos pede que acompanhemos o festival na sua totalidade. Mas qualquer amante de cinema, num fugaz olhar na programação, descortina verdadeiras pérolas. Para quem deseja uma iniciação o melhor será mesmo deixar-se levar pela corrente de um festival que marcará, prometendo ser esta, de longe, a melhor e mais bem organizada edição do certame. Uma volta ao mundo em onze dias, absolutamente a não perder.