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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Afinal o FMI sempre veio

Cortes salariais entre 3,5% e 10%, reduções de 20% nos apoios salariais, redução de gastos na saúde, aumento de taxas de justiça, aumento de 2% no IVA, sobrevivência do Off-Shore da Madeira e, muito provavelmente, o sector financeiro continuará a pagar menos IRC que qualquer PME.
Afinal o FMI sempre veio...

Afinal o FMI sempre veio

Cortes salariais entre 3,5% e 10%, reduções de 20% nos apoios salariais, redução de gastos na saúde, aumento de taxas de justiça, aumento de 2% no IVA, sobrevivência do Off-Shore da Madeira e, muito provavelmente, o sector financeiro continuará a pagar menos IRC que qualquer PME.
Afinal o FMI sempre veio...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Corrente alterna... de opinião

O PSD, que ainda ontem reuniu com antigos governantes do Estado Novo (para ouvir as suas opiniões sobre a economia portuguesa), acusa o líder da OCDE (para atacar as suas opiniões sobre a economia portuguesa) por ter pertencido a um governo de um partido que governou o México durante 70 anos.
Já agora, detectei um certo desdém por a personagem em causa ser mexicana: como se as boas opiniões fossem necessariamente WASP...

Corrente alterna... de opinião

O PSD, que ainda ontem reuniu com antigos governantes do Estado Novo (para ouvir as suas opiniões sobre a economia portuguesa), acusa o líder da OCDE (para atacar as suas opiniões sobre a economia portuguesa) por ter pertencido a um governo de um partido que governou o México durante 70 anos.
Já agora, detectei um certo desdém por a personagem em causa ser mexicana: como se as boas opiniões fossem necessariamente WASP...

quinta-feira, 4 de março de 2010

A greve e as agências de rating

Hoje de manhã na SIC Notícias, um director adjunto do Expresso dizia que a greve em Portugal pioraria a notação de risco de Portugal pelas agências de rating.
Os mercados não reagem bem às greves, parece, pelo que será bom acompanhar de perto a catástrofe que se avizinha na notação da Finlândia...

A greve e as agências de rating

Hoje de manhã na SIC Notícias, um director adjunto do Expresso dizia que a greve em Portugal pioraria a notação de risco de Portugal pelas agências de rating.
Os mercados não reagem bem às greves, parece, pelo que será bom acompanhar de perto a catástrofe que se avizinha na notação da Finlândia...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A solução final...

Neste fim-de-semana, no programa “Plano Inclinado”, transmitido pela SIC Notícias, Mário Crespo perguntou a Medina Carreira uma medida concreta para Portugal combater a crise.
A resposta foi singela: reduzir os salários. Porque apenas comprimindo o poder de compra é que deixaríamos, no entender de Medina Carreira, de comprar tanto ao estrangeiro e de nos endividarmos.
Confesso que esperava uma resposta ao mesmo tempo polémica (claro), mas também inovadora, razão pela qual fiquei desiludido:
O modelo económico português das últimas décadas assentou essencialmente em salários baixos e depreciação da moeda, com os resultados que se conhecem. Com a introdução do Euro, os salários baixos passaram a ser o único truque para as empresas portuguesas conseguirem ser competitivas.
Escrevo “truque” porque é disso que se trata: não é visão de futuro, não é estratégia, não é empreendedorismo. É tão só uma manigância.
A solução apresentada por Medina Carreira traria como consequência o agravamento da crise social, numa mistura de “caçarolaço” e “subprime”, porque, em primeiro lugar, deixaríamos de poder pagar as dívidas que contraímos no passado e, em segundo lugar, para fugir ao desemprego, os trabalhadores aceitariam reduzir ainda mais os seus salários.
A solução apresentada por Medina Carreira (além de mostrar que a Economia continua longe do indivíduo), constitui um desincentivo à formação profissional, porque ninguém investe na formação de “recursos humanos” se não fizer intenção de o remunerar condignamente. Sem formação e com salários baixos, tanto a competitividade como a produtividade continuarão baixas e a decrescer, e os melhores de nós farão a última escolha para se libertar da mentalidade negreira de que a nossa “elite” económica e financeira continua imbuída: emigrar.

A solução final...

Neste fim-de-semana, no programa “Plano Inclinado”, transmitido pela SIC Notícias, Mário Crespo perguntou a Medina Carreira uma medida concreta para Portugal combater a crise.
A resposta foi singela: reduzir os salários. Porque apenas comprimindo o poder de compra é que deixaríamos, no entender de Medina Carreira, de comprar tanto ao estrangeiro e de nos endividarmos.
Confesso que esperava uma resposta ao mesmo tempo polémica (claro), mas também inovadora, razão pela qual fiquei desiludido:
O modelo económico português das últimas décadas assentou essencialmente em salários baixos e depreciação da moeda, com os resultados que se conhecem. Com a introdução do Euro, os salários baixos passaram a ser o único truque para as empresas portuguesas conseguirem ser competitivas.
Escrevo “truque” porque é disso que se trata: não é visão de futuro, não é estratégia, não é empreendedorismo. É tão só uma manigância.
A solução apresentada por Medina Carreira traria como consequência o agravamento da crise social, numa mistura de “caçarolaço” e “subprime”, porque, em primeiro lugar, deixaríamos de poder pagar as dívidas que contraímos no passado e, em segundo lugar, para fugir ao desemprego, os trabalhadores aceitariam reduzir ainda mais os seus salários.
A solução apresentada por Medina Carreira (além de mostrar que a Economia continua longe do indivíduo), constitui um desincentivo à formação profissional, porque ninguém investe na formação de “recursos humanos” se não fizer intenção de o remunerar condignamente. Sem formação e com salários baixos, tanto a competitividade como a produtividade continuarão baixas e a decrescer, e os melhores de nós farão a última escolha para se libertar da mentalidade negreira de que a nossa “elite” económica e financeira continua imbuída: emigrar.

sábado, 24 de outubro de 2009

Não vejo um resquício de generosidade, uma minúscula fatia de sensibilidade humana nas últimas declarações do eng.º Francisco Van Zeller, patrão dos patrões da CIP. Pesarosamente o escrevo. O senhor surgia como um avô bondoso, voz limpa e pausada, voz sorridente se assim me posso exprimir. Agora, não. Parece outro homem. Até perdeu a dignidade do porte, Deus lhe perdoe. O eng.º Van Zeller opõe-se a quase tudo, menos aos interesses da classe que representa.

Opôs-se a que o novo Governo fizesse acordos com a Esquerda. Não se opôs a que os assinasse com o CDS. Vivemos num regime constitucional, republicano, cuja natureza exige a separação do poder económico do poder político. Às vezes, é verdade, o poder político volteia às cegas e recebe mais ordens do que toma decisões. Essa circunstância explica a desagregação da virtude e já chegámos a desinteressar-nos de discutir os princípios da liberdade e da democracia.

Notoriamente, o eng. Van Zeller aproveita-se deste vazio cívico, desta ausência ideológica e cultural para opinar sobre o que não deve, esquecendo-se do recato a que as suas nobres funções o devem obrigar.

Agora, opõe-se a que haja o menor aumento nos ordenados de quem trabalha. Quem trabalha que se aguente, dando continuidade a esse defeito nativo, à nossa vocação lacrimejante de sermos vítimas. Há dois milhões de portugueses na faixa da miséria: a expressão pobreza é um eufemismo apressadamente lançado à circulação quotidiana por políticos de baixa estirpe.

Conheço algumas famílias, e haverá certamente mais, cujos pais trabalham e os ordenados que recebem não chegam para as três refeições diárias. Acaso o deseje, sr. eng.º Van Zeller, acompanhá-lo-ei numa visita guiada aos redutos da miséria. Mas pode ir à Caritas, ou às outras várias organizações não governamentais (os Governos não se metem nisto) que socorrem milhares e milhares de portugueses.

António Perez Metello não ocultou, na TVI, a indignação que lhe causaram as ingerências dos patrões: ele não nomeou o engenheiro; disse: "o patronato", mas ferrou em público a indignidade. Os aumentos almejados são tão mínimos, tão escassos, tão módicos que qualquer objecção que se lhes faça soa a infâmia.

O eng.º Francisco Van Zeller, muito caritativo e assaz preocupado, manifestou a sua intensa solidariedade para com as pequenas e médias empresas, coitadas!, na síntese do opinante, que ficariam completamente desguarnecidas e até, talvez, tivessem de encerrar as portas. Ó eng. Van Zeller, ó eng.º Van Zeller, isso não são argumentos, são esconderijos esburacados de quem é, apenas e somente, o que sempre foi. Parece mal disfarçar-se com a capa da bondade quando está a defender o absolutamente indefensável.

Em 1845, Garrett escreveu, nas "Viagens na Minha Terra", o que custava um rico a um país: a ruína no trabalho, a dissolução moral, a miséria mais escanzelada. Garrett não era comunista.

Seria, agora, acusado dessa nefasta maldade. Só três anos depois de Garrett ter escrito aquela obra-prima, exactamente em 1848, é que foi editado o "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels. Será difícil admitir que o grande escritor tenha, por absurda antecipação, tomado as teses do "Manifesto" antes de ele ser publicado.

O eng.º Van Zeller foge à ideia que de ele fazia. O "bonhomme", elevado e atento, dissolveu-se a si mesmo. O patronato português, geralmente, é de um reaccionarismo bolorento. Além de demonstrar uma ignorância e uma incultura atrozes. Dir-me-ão: para ser bom empreendedor não é preciso saber quantos cantos tem "Os Lusíadas." Não é preciso, mas ajuda. O dr. Cavaco, por exemplo, não sabe. "Ao menos que sejam virtuosos os que não são instruídos", escreveu Ramalho Ortigão. A verdade é que nem isso. A virtude implica a consciência do que cada um de nós tem do dever e da honra. Ora, quem vive num plano alto da sociedade possui a responsabilidade ética de zelar e defender os interesses dos mais desprotegidos. Tirar-lhes o pouco que estes têm, compromete, inteiramente, quem o pratica.

Nenhum destes patrões conhecidos domina, pela admiração, as nossas curiosidades. O ressentimento é natural que nasça naqueles que sobrevivem nos tormentos das dificuldades e sabem que há "gestores" a auferir, mensalmente, vinte mil, trinta mil e dez mil euros, a beneficiarem de bónus vultuosíssimos e a pavonearem-se nos campos de golfe e nas festanças do jet-set (como é feia, aquela gente!).

Naturalmente, declarações deste jazes e estilo causam, naqueles que existem na miséria e no sofrimento, a maior das indignações. Homens e mulheres que trabalharam uma vida inteira e vivem em tugúrios, comem mal ou não comem, vêem-se impossibilitados de mandar os filhos para os estudos, esses homens e essas mulheres, muitos e muitos milhares, sentem-se ofendidos quando conhecem que há "gestores" com reformas de três mil e seiscentos contos mensais (moeda antiga) depois de seis meses de "funções" administrativas.
Não vejo um resquício de generosidade, uma minúscula fatia de sensibilidade humana nas últimas declarações do eng.º Francisco Van Zeller, patrão dos patrões da CIP. Pesarosamente o escrevo. O senhor surgia como um avô bondoso, voz limpa e pausada, voz sorridente se assim me posso exprimir. Agora, não. Parece outro homem. Até perdeu a dignidade do porte, Deus lhe perdoe. O eng.º Van Zeller opõe-se a quase tudo, menos aos interesses da classe que representa.

Opôs-se a que o novo Governo fizesse acordos com a Esquerda. Não se opôs a que os assinasse com o CDS. Vivemos num regime constitucional, republicano, cuja natureza exige a separação do poder económico do poder político. Às vezes, é verdade, o poder político volteia às cegas e recebe mais ordens do que toma decisões. Essa circunstância explica a desagregação da virtude e já chegámos a desinteressar-nos de discutir os princípios da liberdade e da democracia.

Notoriamente, o eng. Van Zeller aproveita-se deste vazio cívico, desta ausência ideológica e cultural para opinar sobre o que não deve, esquecendo-se do recato a que as suas nobres funções o devem obrigar.

Agora, opõe-se a que haja o menor aumento nos ordenados de quem trabalha. Quem trabalha que se aguente, dando continuidade a esse defeito nativo, à nossa vocação lacrimejante de sermos vítimas. Há dois milhões de portugueses na faixa da miséria: a expressão pobreza é um eufemismo apressadamente lançado à circulação quotidiana por políticos de baixa estirpe.

Conheço algumas famílias, e haverá certamente mais, cujos pais trabalham e os ordenados que recebem não chegam para as três refeições diárias. Acaso o deseje, sr. eng.º Van Zeller, acompanhá-lo-ei numa visita guiada aos redutos da miséria. Mas pode ir à Caritas, ou às outras várias organizações não governamentais (os Governos não se metem nisto) que socorrem milhares e milhares de portugueses.

António Perez Metello não ocultou, na TVI, a indignação que lhe causaram as ingerências dos patrões: ele não nomeou o engenheiro; disse: "o patronato", mas ferrou em público a indignidade. Os aumentos almejados são tão mínimos, tão escassos, tão módicos que qualquer objecção que se lhes faça soa a infâmia.

O eng.º Francisco Van Zeller, muito caritativo e assaz preocupado, manifestou a sua intensa solidariedade para com as pequenas e médias empresas, coitadas!, na síntese do opinante, que ficariam completamente desguarnecidas e até, talvez, tivessem de encerrar as portas. Ó eng. Van Zeller, ó eng.º Van Zeller, isso não são argumentos, são esconderijos esburacados de quem é, apenas e somente, o que sempre foi. Parece mal disfarçar-se com a capa da bondade quando está a defender o absolutamente indefensável.

Em 1845, Garrett escreveu, nas "Viagens na Minha Terra", o que custava um rico a um país: a ruína no trabalho, a dissolução moral, a miséria mais escanzelada. Garrett não era comunista.

Seria, agora, acusado dessa nefasta maldade. Só três anos depois de Garrett ter escrito aquela obra-prima, exactamente em 1848, é que foi editado o "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels. Será difícil admitir que o grande escritor tenha, por absurda antecipação, tomado as teses do "Manifesto" antes de ele ser publicado.

O eng.º Van Zeller foge à ideia que de ele fazia. O "bonhomme", elevado e atento, dissolveu-se a si mesmo. O patronato português, geralmente, é de um reaccionarismo bolorento. Além de demonstrar uma ignorância e uma incultura atrozes. Dir-me-ão: para ser bom empreendedor não é preciso saber quantos cantos tem "Os Lusíadas." Não é preciso, mas ajuda. O dr. Cavaco, por exemplo, não sabe. "Ao menos que sejam virtuosos os que não são instruídos", escreveu Ramalho Ortigão. A verdade é que nem isso. A virtude implica a consciência do que cada um de nós tem do dever e da honra. Ora, quem vive num plano alto da sociedade possui a responsabilidade ética de zelar e defender os interesses dos mais desprotegidos. Tirar-lhes o pouco que estes têm, compromete, inteiramente, quem o pratica.

Nenhum destes patrões conhecidos domina, pela admiração, as nossas curiosidades. O ressentimento é natural que nasça naqueles que sobrevivem nos tormentos das dificuldades e sabem que há "gestores" a auferir, mensalmente, vinte mil, trinta mil e dez mil euros, a beneficiarem de bónus vultuosíssimos e a pavonearem-se nos campos de golfe e nas festanças do jet-set (como é feia, aquela gente!).

Naturalmente, declarações deste jazes e estilo causam, naqueles que existem na miséria e no sofrimento, a maior das indignações. Homens e mulheres que trabalharam uma vida inteira e vivem em tugúrios, comem mal ou não comem, vêem-se impossibilitados de mandar os filhos para os estudos, esses homens e essas mulheres, muitos e muitos milhares, sentem-se ofendidos quando conhecem que há "gestores" com reformas de três mil e seiscentos contos mensais (moeda antiga) depois de seis meses de "funções" administrativas.

Constâncio, os economistas e os salários

Vivemos uma altura de deflação.
Logo, não é preciso aumentar os salários, o que até seria perigoso para as empresas, porque não o suportariam.
É preciso proteger a Economia.
Nos tempos de inflação não se pode aumentar os salários, porque tal aumento provoca tensões inflacionistas, porque é preciso refrear o consumo, porque o crescimento do consumo é feito à custa do aumento das importações.
É preciso proteger a Economia.
A lição que tiramos disto é a seguinte:
para se tirar uma licenciatura, um mestrado ou um doutoramento em Economia, basta dizer repetidamente, com ar circunspecto:
"é necessária moderação salarial".

Constâncio, os economistas e os salários

Vivemos uma altura de deflação.
Logo, não é preciso aumentar os salários, o que até seria perigoso para as empresas, porque não o suportariam.
É preciso proteger a Economia.
Nos tempos de inflação não se pode aumentar os salários, porque tal aumento provoca tensões inflacionistas, porque é preciso refrear o consumo, porque o crescimento do consumo é feito à custa do aumento das importações.
É preciso proteger a Economia.
A lição que tiramos disto é a seguinte:
para se tirar uma licenciatura, um mestrado ou um doutoramento em Economia, basta dizer repetidamente, com ar circunspecto:
"é necessária moderação salarial".