quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A balda

A coisa fica vista nos primeiros cinco segundos...

A balda

A coisa fica vista nos primeiros cinco segundos...

Congresso da Administração Pública do INA

Ontem terminou o 5.º Congresso da Administração Pública organizado, como sempre, pelo Instituto Nacional de Administração. Só fui lá no primeiro dia, 2.ª Feira, mas li todos os títulos, li na diagonal todos os resumos e na totalidade muito poucos artigos. Parece coisa pouca, mas deu para retirar uma conclusão: com raras excepções, este Congresso é, na generalidadede, uma pobreza atroz. Sobretudo por 3 razões.
Primo, a razão privatística. O Congresso foi inundado de pessoas ligadas ao mundo da consultoria, nal guns casos, aos próprios funcionários públicos. Verberreiam obras, conceitos e metodologias sem uma noção adequada ao mundo (jurídico e humano) da administração pública.
Secundo, a razão narcisística. Muitos dos oradores são deveras repetentes e fico até com a sensação de que alguns trabalham todo o ano para apresentarem algo neste tipo de congresso. Isto, sem esquecer porventura casos em que a própria instituição não promova ou sancione os funcionários que não tenham «algo para dizer». Para dar exemplos desta ordem de razão, há Institutos que estiveram 7 vezes representados, em apresentações diferentes (!), outros que tiveram mais de 10 funcionários seus em diversas, e, aind amais surpreendente, houve vários casos em que realizaram 3 ou mais comunicações(!). Muito se pode retirar destes factos, mas deixo as restantes considerações a quem as ler e quiser pensar nelas.
Tertio, e por último, a razão financeira. Uma inscrição neste Congresso custava aos serviços (e porventura a alguns funcionários) a, como se costuma dizer, módica quantia de 450€ (!) Isto na véspera, porque no dia custava 525€ (!) Sortudos eram os estudantes que pagavam 250€(!) - (O mais ridículo foi a oferta de um "buffet" a preço amigo de 16€! Mais palavras para quê?!)
Conclusão, pode-se facilmente concluir para quem está este Congresso vocacionado: para empresas, consultores e dirigentes (os que autorizam a despesa, claro está), e ter-se-á uma amostra da imensa minoria. Da Administração Pública é, tenho dúvidas é que seja para ela, na sua maioria abrangente.

Como propostas, defendo a redução de todos os preços pelo menos para metade (com os apoios privados que há e a publicidade que existe nas malinhas-oferta não vejo como não seja viável); limitar uma intervenção por pessoa (a pessoa poderia enviar as comunicações que quisesse, o que até seria de louvar, mas só falava uma vez); distinguir as sessões das empresas, das sessões dos serviços e funcionários; e que a avaliação e selecção das comunicações fosse feita por uma comissão independente, ainda que devesse integrar funcionários públicos, obviamente, para que o Congresso não resvale para o amiguismo (que é notório) e o excessivo carácter pragmático e casuístico das comunicações. são tão 'práticas' e tão concretas, que não se aplicam a mais nenhum outro serviço de tão centrada é a comunicação. Continuando na generalidade, que é o que falta a este Congresso, o problema de fundo é a universal (ou pós-modernista) moda da fuga da teoria...por isso, tanta gente tem sempre medo de mudar.

Congresso da Administração Pública do INA

Ontem terminou o 5.º Congresso da Administração Pública organizado, como sempre, pelo Instituto Nacional de Administração. Só fui lá no primeiro dia, 2.ª Feira, mas li todos os títulos, li na diagonal todos os resumos e na totalidade muito poucos artigos. Parece coisa pouca, mas deu para retirar uma conclusão: com raras excepções, este Congresso é, na generalidadede, uma pobreza atroz. Sobretudo por 3 razões.
Primo, a razão privatística. O Congresso foi inundado de pessoas ligadas ao mundo da consultoria, nal guns casos, aos próprios funcionários públicos. Verberreiam obras, conceitos e metodologias sem uma noção adequada ao mundo (jurídico e humano) da administração pública.
Secundo, a razão narcisística. Muitos dos oradores são deveras repetentes e fico até com a sensação de que alguns trabalham todo o ano para apresentarem algo neste tipo de congresso. Isto, sem esquecer porventura casos em que a própria instituição não promova ou sancione os funcionários que não tenham «algo para dizer». Para dar exemplos desta ordem de razão, há Institutos que estiveram 7 vezes representados, em apresentações diferentes (!), outros que tiveram mais de 10 funcionários seus em diversas, e, aind amais surpreendente, houve vários casos em que realizaram 3 ou mais comunicações(!). Muito se pode retirar destes factos, mas deixo as restantes considerações a quem as ler e quiser pensar nelas.
Tertio, e por último, a razão financeira. Uma inscrição neste Congresso custava aos serviços (e porventura a alguns funcionários) a, como se costuma dizer, módica quantia de 450€ (!) Isto na véspera, porque no dia custava 525€ (!) Sortudos eram os estudantes que pagavam 250€(!) - (O mais ridículo foi a oferta de um "buffet" a preço amigo de 16€! Mais palavras para quê?!)
Conclusão, pode-se facilmente concluir para quem está este Congresso vocacionado: para empresas, consultores e dirigentes (os que autorizam a despesa, claro está), e ter-se-á uma amostra da imensa minoria. Da Administração Pública é, tenho dúvidas é que seja para ela, na sua maioria abrangente.

Como propostas, defendo a redução de todos os preços pelo menos para metade (com os apoios privados que há e a publicidade que existe nas malinhas-oferta não vejo como não seja viável); limitar uma intervenção por pessoa (a pessoa poderia enviar as comunicações que quisesse, o que até seria de louvar, mas só falava uma vez); distinguir as sessões das empresas, das sessões dos serviços e funcionários; e que a avaliação e selecção das comunicações fosse feita por uma comissão independente, ainda que devesse integrar funcionários públicos, obviamente, para que o Congresso não resvale para o amiguismo (que é notório) e o excessivo carácter pragmático e casuístico das comunicações. são tão 'práticas' e tão concretas, que não se aplicam a mais nenhum outro serviço de tão centrada é a comunicação. Continuando na generalidade, que é o que falta a este Congresso, o problema de fundo é a universal (ou pós-modernista) moda da fuga da teoria...por isso, tanta gente tem sempre medo de mudar.

N DIAGONAIS XVI

N DIAGONAIS XVI

Agora em 97.8…

Curiosamente, fez ontem exactamente vinte e seis anos que foi lançado. A não perder no “Álbum de Família” de hoje Architecture & Morality dos Orchestral Manoeuvres in the Dark. Vejam e oiçam como a génese do electro-pop foi uma coisa tão linda.

Agora em 97.8…

Curiosamente, fez ontem exactamente vinte e seis anos que foi lançado. A não perder no “Álbum de Família” de hoje Architecture & Morality dos Orchestral Manoeuvres in the Dark. Vejam e oiçam como a génese do electro-pop foi uma coisa tão linda.

Uma boa resposta

Portugal gasta 4025 euros anualmente com cada aluno que frequenta o ensino
básico. No secundário esse valor sobe para 5655 euros. Digamos que este valor
dividido por 12 corresponde à mensalidade de muitos colégios.
Este parágrafo da crónica da Helena Matos de hoje no Público, apesar de não precisar o valor das mensalidades dos colégios privados, tem tudo a ver com a questão que levantei aqui.
Já agora, gostava que a Helena Matos (que escreve das melhores crónicas do Público) tivesse ligado a capacidade dos portugueses para pagar os duodécimos que referiu ao facto de dois milhões de portugueses terem um rendimento mensal inferior a cada um desses mesmos duodécimos...

Uma boa resposta

Portugal gasta 4025 euros anualmente com cada aluno que frequenta o ensino
básico. No secundário esse valor sobe para 5655 euros. Digamos que este valor
dividido por 12 corresponde à mensalidade de muitos colégios.
Este parágrafo da crónica da Helena Matos de hoje no Público, apesar de não precisar o valor das mensalidades dos colégios privados, tem tudo a ver com a questão que levantei aqui.
Já agora, gostava que a Helena Matos (que escreve das melhores crónicas do Público) tivesse ligado a capacidade dos portugueses para pagar os duodécimos que referiu ao facto de dois milhões de portugueses terem um rendimento mensal inferior a cada um desses mesmos duodécimos...

a fiscalidade das famílias

Recebido por e-mail:

Exmos Senhores
Junto se envia estudo que mostra os enormes ganhos que um casal obterá se se separar!
Não é necessário sequer divorciarem-se. Basta declararem que, em 31 de Dezembro, estavam na situação de "separados de facto"!

Neste estudo, calculou-se o IRS que casais com 1 a 3 filhos, rendimentos totais entre 18.000 e 48.000 EUR, e na situação de 1 e 2 titulares, pagariam no estado de casados e na situação de separados, usando o simulador do Ministério das Finanças, conforme explicado em detalhe em http://www.forumdafamilia.com/peticao/simulacao.asp.

No caso de separação, cada um fará a sua declaração em separado, obtendo o resultado total mostrado.

Os cálculos detalhados são mostrados na folha "Cálculos" e mostrados sob a forma gráfica na folha "Gráficos".

Neste estudo, considerou-se apenas os benefícios resultantes da pensão de alimentos, não se entrando em linha de conta com outras deduções, que aumentarão ainda mais o lucro resultante da separação.

Como se poderá ver, separando-se:
Muitos casais deixarão de pagar IRS, recuperando a totalidade dos valores descontados ao longo do ano;
O seu rendimento poderá aumentar em mais de 10%, num valor médio superior a 2.000 EUR, e que pode ultrapassar os 5.000 EUR.
É esta a proposta bem tentadora que o Estado, há anos, faz a todos os pais casados!

Não é este o caminho que recomendamos, razão pela qual lançámos a petição http://www.forumdafamilia.com/peticao.

Aguardamos, serenamente, o final do debate do OE 2008 para sabermos se o Estado vai, ou não, continuar a seduzir os pais casados a declararem-se como separados ou a divorciarem-se ou, pelo contrário, aceitar a nossa proposta de acabar com esta discriminação, sem qualquer impacto nas finanças públicas, fazendo com que todos os pais, independentemente do estado ou situação civil, possam deduzir metade do valor que, actualmente, é apenas reservado aos que não estão casados ou viúvos.

30 de Outubro de 2007
Pelo Fórum da família
Fernando Castro
APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas

a fiscalidade das famílias

Recebido por e-mail:

Exmos Senhores
Junto se envia estudo que mostra os enormes ganhos que um casal obterá se se separar!
Não é necessário sequer divorciarem-se. Basta declararem que, em 31 de Dezembro, estavam na situação de "separados de facto"!

Neste estudo, calculou-se o IRS que casais com 1 a 3 filhos, rendimentos totais entre 18.000 e 48.000 EUR, e na situação de 1 e 2 titulares, pagariam no estado de casados e na situação de separados, usando o simulador do Ministério das Finanças, conforme explicado em detalhe em http://www.forumdafamilia.com/peticao/simulacao.asp.

No caso de separação, cada um fará a sua declaração em separado, obtendo o resultado total mostrado.

Os cálculos detalhados são mostrados na folha "Cálculos" e mostrados sob a forma gráfica na folha "Gráficos".

Neste estudo, considerou-se apenas os benefícios resultantes da pensão de alimentos, não se entrando em linha de conta com outras deduções, que aumentarão ainda mais o lucro resultante da separação.

Como se poderá ver, separando-se:
Muitos casais deixarão de pagar IRS, recuperando a totalidade dos valores descontados ao longo do ano;
O seu rendimento poderá aumentar em mais de 10%, num valor médio superior a 2.000 EUR, e que pode ultrapassar os 5.000 EUR.
É esta a proposta bem tentadora que o Estado, há anos, faz a todos os pais casados!

Não é este o caminho que recomendamos, razão pela qual lançámos a petição http://www.forumdafamilia.com/peticao.

Aguardamos, serenamente, o final do debate do OE 2008 para sabermos se o Estado vai, ou não, continuar a seduzir os pais casados a declararem-se como separados ou a divorciarem-se ou, pelo contrário, aceitar a nossa proposta de acabar com esta discriminação, sem qualquer impacto nas finanças públicas, fazendo com que todos os pais, independentemente do estado ou situação civil, possam deduzir metade do valor que, actualmente, é apenas reservado aos que não estão casados ou viúvos.

30 de Outubro de 2007
Pelo Fórum da família
Fernando Castro
APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Urbi et Orbi

Nasceu!
Cerca das 10:30 e quase com três quilos.
Dizem-me que daqui para a frente vou dormir menos. Menos? Às 3 da manhã já estava na maternidade, e ainda não me voltei a deitar...

Urbi et Orbi

Nasceu!
Cerca das 10:30 e quase com três quilos.
Dizem-me que daqui para a frente vou dormir menos. Menos? Às 3 da manhã já estava na maternidade, e ainda não me voltei a deitar...

Ainda assim...

... parece que a Assembleia Geral do Benfica correu melhor que os congressos do CDS-PP...

Ainda assim...

... parece que a Assembleia Geral do Benfica correu melhor que os congressos do CDS-PP...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Assembleia Geral Ordinária do Sport Lisboa e Benfica

A noite de hoje correu muito mal para os órgãos sociais do Benfica, muito por culpa dos verdadeiros adeptos do clube. Cansados de serem mal tratados por esta direcção, os grupos de adeptos mais ou menos organizados do clube surpreenderam a AG e as duas dúzias de apaniguados da direcção useiros e vezeiros das reuniões magnas. O tal "maior clube do mundo" dispôs uma pequena sala aos seus associados, sala essa que rapidamente encheu com cerca de trezentas pessoas. Logo os ânimos se exaltaram. Foi pena. Assim, tais adeptos acabaram por não fazer passar de forma eficaz a sua mensagem chegando ao ponto de tentar agredir a comunicação social que prontamente - ver imagens da RTP -tenta a vitimização do costume.
Numa AG ridiculamente dirigida por Manuel Vilarinho, em resumo, o relatório e contas passou à tangente, a proposta de um tal Henrique Ganadeiro (presidente da PT) passar a sócio honorário foi claramente chumbada, e a direcção ficou com uma ideia da força dos verdadeiros benfiquistas que calcorreiam milhares de quilómetros por ano apenas por desesperada paixão ao clube do seu coração (e ainda são barbaramente acoitados pelo terrorismo oficial das policias!).
Tem de ter cuidado Filipe Vieira e as sanguessugas que o rodeiam no nosso querido clube. Assim que a coisa dê seriamente para o torto em termos desportivos terão as horas contadas.
[...ver aqui (link) um relato bem mais completo e apaixonado do que se passou esta noite na Luz]

Assembleia Geral Ordinária do Sport Lisboa e Benfica

A noite de hoje correu muito mal para os órgãos sociais do Benfica, muito por culpa dos verdadeiros adeptos do clube. Cansados de serem mal tratados por esta direcção, os grupos de adeptos mais ou menos organizados do clube surpreenderam a AG e as duas dúzias de apaniguados da direcção useiros e vezeiros das reuniões magnas. O tal "maior clube do mundo" dispôs uma pequena sala aos seus associados, sala essa que rapidamente encheu com cerca de trezentas pessoas. Logo os ânimos se exaltaram. Foi pena. Assim, tais adeptos acabaram por não fazer passar de forma eficaz a sua mensagem chegando ao ponto de tentar agredir a comunicação social que prontamente - ver imagens da RTP -tenta a vitimização do costume.
Numa AG ridiculamente dirigida por Manuel Vilarinho, em resumo, o relatório e contas passou à tangente, a proposta de um tal Henrique Ganadeiro (presidente da PT) passar a sócio honorário foi claramente chumbada, e a direcção ficou com uma ideia da força dos verdadeiros benfiquistas que calcorreiam milhares de quilómetros por ano apenas por desesperada paixão ao clube do seu coração (e ainda são barbaramente acoitados pelo terrorismo oficial das policias!).
Tem de ter cuidado Filipe Vieira e as sanguessugas que o rodeiam no nosso querido clube. Assim que a coisa dê seriamente para o torto em termos desportivos terão as horas contadas.
[...ver aqui (link) um relato bem mais completo e apaixonado do que se passou esta noite na Luz]

O Men In Black é quem dá cor a isto!

Só mesmo Berardo para desmanchar os merceeiros da banca portuguesa...

O Men In Black é quem dá cor a isto!

Só mesmo Berardo para desmanchar os merceeiros da banca portuguesa...

Uma leve sensação…

…de déjà vu blogosférico ao ler com alguma atenção este blogue (link).

Uma leve sensação…

…de déjà vu blogosférico ao ler com alguma atenção este blogue (link).

PALETA DE PALAVRAS LXIII



"A marijuana não é droga", diz Schwarzenwgger.

PALETA DE PALAVRAS LXIII



"A marijuana não é droga", diz Schwarzenwgger.

sábado, 27 de outubro de 2007

Há Liberdade (LXXXIV)

satisfeito_po_fernado_barao
Satisfeito por Fernando Barão

Há Liberdade (LXXXIV)

satisfeito_po_fernado_barao
Satisfeito por Fernando Barão

Campo Contra Campo (XCVII) - DocLisboa 2007

Arquitectura de Peso, ***
No DocLisboa 2007 houve também espaço para a nova extravagância de Edgar Pêra – com o fim do festival a ficar cada vez mais perto, já se nota alguma nostalgia no português. Arquitectura de Peso, cine-sinfonetta muralista (vox populi vivace) este o nome completo do “ovni”. Com Edgar Pêra surge um problema: estamos sempre à espera de mais. Mais diferente, mais interveniente, mais diferente, mais estúpido. Nel Monteiro é uma personagem (como se diz na Argentina), mas não é a voz do povo. O povo é pior que aquilo, mas não é tão escatológico. É mais, digamos, decente(zinho). Pêra já mostrou muito melhor.

Lisboa Dentro, ****

Excelente surpresa. Um filme humilde como as casas que lhe servem de cenário. Mas sincero. Sem pretensão alguma que a de dar a conhecer a realidade. Isento, sem juízos de valor ou outros quaisquer. Não é assim que o documentário deve ser? Eu acho que sim. Infelizmente, como já dei a entender noutros textos sobre este festival, não é preciso ir muito longe, galgar oceanos e desertos, para encontrar pobreza, fome e indignidade humana. Elas estão ai, ao virar de uma esquina mais ou menos escura da nossa querida Lisboa. Que cai…, assim de podridão infiltrada em paredes de madeira. Ao ponto das doutorazinhas da "acção social" que são seguidas pela câmara não conseguirem travar a lágrima sincera de compaixão. Tudo isto existe. E não é fado. É a Lisboa antiga a cair de velha. Lamentavelmente, a cair de velha.

Campo Contra Campo (XCVII) - DocLisboa 2007

Arquitectura de Peso, ***
No DocLisboa 2007 houve também espaço para a nova extravagância de Edgar Pêra – com o fim do festival a ficar cada vez mais perto, já se nota alguma nostalgia no português. Arquitectura de Peso, cine-sinfonetta muralista (vox populi vivace) este o nome completo do “ovni”. Com Edgar Pêra surge um problema: estamos sempre à espera de mais. Mais diferente, mais interveniente, mais diferente, mais estúpido. Nel Monteiro é uma personagem (como se diz na Argentina), mas não é a voz do povo. O povo é pior que aquilo, mas não é tão escatológico. É mais, digamos, decente(zinho). Pêra já mostrou muito melhor.

Lisboa Dentro, ****

Excelente surpresa. Um filme humilde como as casas que lhe servem de cenário. Mas sincero. Sem pretensão alguma que a de dar a conhecer a realidade. Isento, sem juízos de valor ou outros quaisquer. Não é assim que o documentário deve ser? Eu acho que sim. Infelizmente, como já dei a entender noutros textos sobre este festival, não é preciso ir muito longe, galgar oceanos e desertos, para encontrar pobreza, fome e indignidade humana. Elas estão ai, ao virar de uma esquina mais ou menos escura da nossa querida Lisboa. Que cai…, assim de podridão infiltrada em paredes de madeira. Ao ponto das doutorazinhas da "acção social" que são seguidas pela câmara não conseguirem travar a lágrima sincera de compaixão. Tudo isto existe. E não é fado. É a Lisboa antiga a cair de velha. Lamentavelmente, a cair de velha.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ohhhhh…, Nossa Senhora de Fátima alleeeezzzzzz…

...allez, allez…, allez, allez, Senhora de Fátima allez!!!!

Ohhhhh…, Nossa Senhora de Fátima alleeeezzzzzz…

...allez, allez…, allez, allez, Senhora de Fátima allez!!!!

O povo é quem mais ordenha

Gosto de dar actividade aos meus neurónios. E eles agradecem.

Sempre fui monárquico mas nunca fui sebastianista. Nunca fui euro-pateta mas já fui euro-céptico.
Nunca fui sebastianista nem acredito em “salvadores da pátria”, mesmo os produzidos à maneira por agências de comunicação e montados numa laranja podre.
Já fui euro-céptico, confesso. Mas é precisamente por gostar tanto de Portugal (coff, coff) que defendo quanto mais integração europeia melhor.

Vem tudo isto à guisa dos resultados do último Barómetro DN/TSF/Marktest conhecidos hoje. A subida do PSD e respectiva descida do PS soa-me a anacrónica.
Num momento em que alguns indicadores macroeconómicos dão um ar da sua graça, num momento em que a diplomacia e a politica externa portuguesas vivem um dos pontos mais altos da sua historia, consubstanciado no acordo para a assinatura de um documento que assegurará o futuro institucional da União, o Zé-povinho maribando-se para a realidade que desfila à frente dos seus olhos o que faz? Vira o bico ao prego e aplaude o novo cavaleiro andante apoiado com uma muleta de pau chamada menino guerreiro.
É assim o meu povo. Cada vez gosto mais dele.
Viva Portugal…, e os portugueses.

O povo é quem mais ordenha

Gosto de dar actividade aos meus neurónios. E eles agradecem.

Sempre fui monárquico mas nunca fui sebastianista. Nunca fui euro-pateta mas já fui euro-céptico.
Nunca fui sebastianista nem acredito em “salvadores da pátria”, mesmo os produzidos à maneira por agências de comunicação e montados numa laranja podre.
Já fui euro-céptico, confesso. Mas é precisamente por gostar tanto de Portugal (coff, coff) que defendo quanto mais integração europeia melhor.

Vem tudo isto à guisa dos resultados do último Barómetro DN/TSF/Marktest conhecidos hoje. A subida do PSD e respectiva descida do PS soa-me a anacrónica.
Num momento em que alguns indicadores macroeconómicos dão um ar da sua graça, num momento em que a diplomacia e a politica externa portuguesas vivem um dos pontos mais altos da sua historia, consubstanciado no acordo para a assinatura de um documento que assegurará o futuro institucional da União, o Zé-povinho maribando-se para a realidade que desfila à frente dos seus olhos o que faz? Vira o bico ao prego e aplaude o novo cavaleiro andante apoiado com uma muleta de pau chamada menino guerreiro.
É assim o meu povo. Cada vez gosto mais dele.
Viva Portugal…, e os portugueses.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCVI) - DocLisboa 2007

The Devil Came on Horseback, *****
Impressionante, poderoso, brutal, esmagador e mais as dezenas de adjectivos fortes que se quiserem. Confesso que não imaginava as atrocidades que se passam diariamente naquele canto inóspito do planeta. E o que é que o Direito Internacional faz? Não faz, obviamente; pois desde logo não existe ou não tem expressão para fazer seja o que for. Mas o caos no Darfur não é só um problema jurídico. É sobretudo um problema político que vaza numa tragédia humanitária inclassificável. No genocídio do Darfur somos todos culpados – sim, você também que lê este post. Eu também. Para início de conversa pode começar por visitar este, este e já agora este sítio. Provavelmente o filme mais impressionante que vi neste festival.

Alguna Tristeza, **
De Juan Alejandro Ramírez esta curta pretende ser uma história das dores de um povo. O Peru – só o nome assusta – é um dos países mais belos mas mais pobres da América Latina. Um Estado pobre e analfabeto é como uma criança com medo do castigo, diz-nos o realizador. Tem razão. Nós sabemos. Mutatis mutandis conhecemos bem este fado.

It´s Always late for freedom, ****
O desfilar de desgraças das muitas vidas que o mundo tem continuam neste filme de titulo genial que retrata desapaixonadamente e de forma paciente uma casa de correcção para menores em Teerão. Nas margens cinematográficas, o Irão surge pujante. Basta estarmos atentos.

At the Datcha, ***
Esta curta mostra-nos uma muito divertida família de surdos-mudos polacos nas suas humildes ferias de verão. Finalmente vejo um filme sobre coisas boa neste festival o que me faz recordar que o afinal o mundo que o DocLisboa 2007 trouxe a nossa casa não é só composto por desgraças. Até na fatalidade pode haver boa disposição. Um filme simples como a família retratada.

SchoolScapes, ****
Quantos planos deve ter um filme de oitenta minutos para ser excelente? Quarenta é um número suficiente? Ao ponto a que isto chegou – contar os planos que um filme tem. O espectador gosta de acção mas o mundo não se faz sem contemplação. Eu gosto de cinema assim. Lento mas pleno de vida. David MacDougall, consagrado realizador australiano de cinema dito etnográfico, dá-nos a conhecer esta escola indiana onde, como já alguem deve ter dito, todos gostaríamos de ter andado. Delicioso.

Campo Contra Campo (XCVI) - DocLisboa 2007

The Devil Came on Horseback, *****
Impressionante, poderoso, brutal, esmagador e mais as dezenas de adjectivos fortes que se quiserem. Confesso que não imaginava as atrocidades que se passam diariamente naquele canto inóspito do planeta. E o que é que o Direito Internacional faz? Não faz, obviamente; pois desde logo não existe ou não tem expressão para fazer seja o que for. Mas o caos no Darfur não é só um problema jurídico. É sobretudo um problema político que vaza numa tragédia humanitária inclassificável. No genocídio do Darfur somos todos culpados – sim, você também que lê este post. Eu também. Para início de conversa pode começar por visitar este, este e já agora este sítio. Provavelmente o filme mais impressionante que vi neste festival.

Alguna Tristeza, **
De Juan Alejandro Ramírez esta curta pretende ser uma história das dores de um povo. O Peru – só o nome assusta – é um dos países mais belos mas mais pobres da América Latina. Um Estado pobre e analfabeto é como uma criança com medo do castigo, diz-nos o realizador. Tem razão. Nós sabemos. Mutatis mutandis conhecemos bem este fado.

It´s Always late for freedom, ****
O desfilar de desgraças das muitas vidas que o mundo tem continuam neste filme de titulo genial que retrata desapaixonadamente e de forma paciente uma casa de correcção para menores em Teerão. Nas margens cinematográficas, o Irão surge pujante. Basta estarmos atentos.

At the Datcha, ***
Esta curta mostra-nos uma muito divertida família de surdos-mudos polacos nas suas humildes ferias de verão. Finalmente vejo um filme sobre coisas boa neste festival o que me faz recordar que o afinal o mundo que o DocLisboa 2007 trouxe a nossa casa não é só composto por desgraças. Até na fatalidade pode haver boa disposição. Um filme simples como a família retratada.

SchoolScapes, ****
Quantos planos deve ter um filme de oitenta minutos para ser excelente? Quarenta é um número suficiente? Ao ponto a que isto chegou – contar os planos que um filme tem. O espectador gosta de acção mas o mundo não se faz sem contemplação. Eu gosto de cinema assim. Lento mas pleno de vida. David MacDougall, consagrado realizador australiano de cinema dito etnográfico, dá-nos a conhecer esta escola indiana onde, como já alguem deve ter dito, todos gostaríamos de ter andado. Delicioso.

A lenta agonia dos blawgs portugueses

Deu-lhe forte mas parece ter passado depressa. A blogosfera jurídica portuguesa já deu o que tinha a dar?
Por estes dias morreu mais um dos bons. O Informática do Direito já há muito que estava moribundo. Finou-se, de vez. Basta passear pela lista de links deste blogue para ver como o campo de batalha está pejado de cadáveres. Mas as más noticias não ficam por aqui. Reparo, enquanto escrevo este post, que o excelente Dolo Eventual acaba de encerar para balanço. Definitivamente este não está a ser um bom Outono (deve ser do sol…) para a blogosfera em português, maxime, para os blawgs.

A lenta agonia dos blawgs portugueses

Deu-lhe forte mas parece ter passado depressa. A blogosfera jurídica portuguesa já deu o que tinha a dar?
Por estes dias morreu mais um dos bons. O Informática do Direito já há muito que estava moribundo. Finou-se, de vez. Basta passear pela lista de links deste blogue para ver como o campo de batalha está pejado de cadáveres. Mas as más noticias não ficam por aqui. Reparo, enquanto escrevo este post, que o excelente Dolo Eventual acaba de encerar para balanço. Definitivamente este não está a ser um bom Outono (deve ser do sol…) para a blogosfera em português, maxime, para os blawgs.

Dê-lhe de força ou dê-lhe com força mas dê-lhe

Dê-lhe de força ou dê-lhe com força mas dê-lhe

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

La Liste de Carla, ****
A esquerda caviar e caceteira não gostou deste doc que nos mostra os trabalhos de Carla Del Ponte, Procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslavia. Compreende-se. Mexer no armário pode acarretar ter de arrumar uma série de esqueletos, actividade trabalhosa e desagradável.
O melhor do filme é a exposição a nu da fraqueza dessa coisa extravagante a que chamam Direito Internacional. Coisa fraca, pobre, ineficaz e acima de tudo assente em pilares ocos e fundamentos subjectivos v.g. o vazio no discurso de Carla sobre o seu conceito de Justiça. Este filme confirma que o Direito Internacional enquanto ordenamento jurídico encontra-se não na pré historia mas sim fora da história.

El Ejido, the law of profit, *****
Porque é que me ofereci a este festim de desgraças humanas, é uma pergunta que tenho feito muitas vezes a mim mesmo durante este festival. A incrível bolsa de miséria que é o trabalho escravo efectuado pelos Marroquinos que sobrevivem nas estufas de El Ejido é uma afronta à Europa da Dignidade Humana e à Espanha do Socialismo fiteiro de Zapatero. Numa aliança perfeita entre exploradores e autoridades (a ASAE não mora aqui!), a lei do lucro impõem-se à lei do mercado e aos mais elementares princípios das nações ditas civilizadas. Simplesmente incrível. Cinematograficamente muito bom. Devia ser visto por todos.

A noite terminou de forma um pouco extravagante no Grande Auditório da Culturgest com o lixo deixado pelo Império Soviético – obviamente a esquerda caviar também não foi ver estes fragmentos. A esquerda caviar só vê e comenta nos blogues o que lhe aproveita. Por isso convence cada vez menos e enjoa cada vez mais. Vamos ao que interessa: Em Cherkasy (***) encontramos os filhos da Sociedade do Risco, crianças desfiguradas física e mentalmente pela tragedia de Chernobyl; arrepiante. Em Artel (**) o trabalho piscatório junto ao Mar de Barents - como se pode ver pela imagem - segue hoje praticamente como há mil anos. O império Soviético não deve ter lá chegado; excelente fotografia. Em Scythian Suite (****) encontramos um brilhante fresco sobre a vida nos Gulag Estalinistas. Podemos assim conhecer uma realidade que nos fará tremer sempre que ouviçamos a palavra comunismo; grande filme. Sobre 1937 (*) só posso dizer que sai a meio; alguma vez havia de ser a primeira.

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

La Liste de Carla, ****
A esquerda caviar e caceteira não gostou deste doc que nos mostra os trabalhos de Carla Del Ponte, Procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslavia. Compreende-se. Mexer no armário pode acarretar ter de arrumar uma série de esqueletos, actividade trabalhosa e desagradável.
O melhor do filme é a exposição a nu da fraqueza dessa coisa extravagante a que chamam Direito Internacional. Coisa fraca, pobre, ineficaz e acima de tudo assente em pilares ocos e fundamentos subjectivos v.g. o vazio no discurso de Carla sobre o seu conceito de Justiça. Este filme confirma que o Direito Internacional enquanto ordenamento jurídico encontra-se não na pré historia mas sim fora da história.

El Ejido, the law of profit, *****
Porque é que me ofereci a este festim de desgraças humanas, é uma pergunta que tenho feito muitas vezes a mim mesmo durante este festival. A incrível bolsa de miséria que é o trabalho escravo efectuado pelos Marroquinos que sobrevivem nas estufas de El Ejido é uma afronta à Europa da Dignidade Humana e à Espanha do Socialismo fiteiro de Zapatero. Numa aliança perfeita entre exploradores e autoridades (a ASAE não mora aqui!), a lei do lucro impõem-se à lei do mercado e aos mais elementares princípios das nações ditas civilizadas. Simplesmente incrível. Cinematograficamente muito bom. Devia ser visto por todos.

A noite terminou de forma um pouco extravagante no Grande Auditório da Culturgest com o lixo deixado pelo Império Soviético – obviamente a esquerda caviar também não foi ver estes fragmentos. A esquerda caviar só vê e comenta nos blogues o que lhe aproveita. Por isso convence cada vez menos e enjoa cada vez mais. Vamos ao que interessa: Em Cherkasy (***) encontramos os filhos da Sociedade do Risco, crianças desfiguradas física e mentalmente pela tragedia de Chernobyl; arrepiante. Em Artel (**) o trabalho piscatório junto ao Mar de Barents - como se pode ver pela imagem - segue hoje praticamente como há mil anos. O império Soviético não deve ter lá chegado; excelente fotografia. Em Scythian Suite (****) encontramos um brilhante fresco sobre a vida nos Gulag Estalinistas. Podemos assim conhecer uma realidade que nos fará tremer sempre que ouviçamos a palavra comunismo; grande filme. Sobre 1937 (*) só posso dizer que sai a meio; alguma vez havia de ser a primeira.

"ranking" das escolas

Esta é lista das dez melhores escolas do país, segundo o Correio da Manhã:

  1. Colégio Mira Rio
  2. Colégio Cedros
  3. Escola Secundária Infanta D. Maria
  4. Colégio Valsassina
  5. Colégio São João de Brito
  6. Academia de Música de Santa Cecília
  7. Escola Técnica e Liceal Salesiana Santo António (Estoril)
  8. Colégio de Manuel Bernardes
  9. Colégio Internato dos Carvalhos
  10. Colégio do Sagrado Coração de Maria

Proponho-vos o seguinte exercício:

Tentem descobrir qual o custo anual de propina + inscrição + suplementos pagos por aluno em cada uma das escolas. Agora dividam essa quantia pela média das notas.

O resultado é o preço em euros por cada valor.

"ranking" das escolas

Esta é lista das dez melhores escolas do país, segundo o Correio da Manhã:

  1. Colégio Mira Rio
  2. Colégio Cedros
  3. Escola Secundária Infanta D. Maria
  4. Colégio Valsassina
  5. Colégio São João de Brito
  6. Academia de Música de Santa Cecília
  7. Escola Técnica e Liceal Salesiana Santo António (Estoril)
  8. Colégio de Manuel Bernardes
  9. Colégio Internato dos Carvalhos
  10. Colégio do Sagrado Coração de Maria

Proponho-vos o seguinte exercício:

Tentem descobrir qual o custo anual de propina + inscrição + suplementos pagos por aluno em cada uma das escolas. Agora dividam essa quantia pela média das notas.

O resultado é o preço em euros por cada valor.

Raça, amor e paixão

Eu gostava de viver num país assim, livre.
Um país onde a voz dos adeptos é apreciada e sublinhada pela comunicação social. Um país onde não há leis patéticas em prol de uma putativa segurança travestida de repressão. Um país onde a "torcida" pode apoiar o seu "time" do coração da forma que ele merece. Um país pobre no estômago mas rico na emoção.
Se um dia morar no Rio, há muito que tenho "meu time". O Flamengo não ganha nada há anos. É comum terminar o Brasileirão a lutar para não descer. Mas é assim, enorme. Quando eu for grande, irei passear de chinelo no pé em Leblon; tomar água de coco em Copacabana; sussurrar palavras doces ao ouvido de uma garota em Ipanema; e gritar pelo meu Mengão no Maracanã. Assim:

Raça, amor e paixão

Eu gostava de viver num país assim, livre.
Um país onde a voz dos adeptos é apreciada e sublinhada pela comunicação social. Um país onde não há leis patéticas em prol de uma putativa segurança travestida de repressão. Um país onde a "torcida" pode apoiar o seu "time" do coração da forma que ele merece. Um país pobre no estômago mas rico na emoção.
Se um dia morar no Rio, há muito que tenho "meu time". O Flamengo não ganha nada há anos. É comum terminar o Brasileirão a lutar para não descer. Mas é assim, enorme. Quando eu for grande, irei passear de chinelo no pé em Leblon; tomar água de coco em Copacabana; sussurrar palavras doces ao ouvido de uma garota em Ipanema; e gritar pelo meu Mengão no Maracanã. Assim:

Está oficialmente aberta a caixa de Pandora

Militares e PSP acreditam que são escutados ilegalmente: Dirigentes das associações profissionais de militares afirmam ter "fortes suspeitas" de estarem a ser alvo de escutas telefónicas, juntando as suas desconfianças às que foram recentemente manifestadas pelo procurador-geral da República, Pinto Monteiro. Estas suspeitas são partilhadas por alguns responsáveis sindicais da PSP, os quais afirmam que esta polícia possui, há vários anos, equipamento apropriado para escutar conversações telefónicas à distância(...).

Para já, só digo o seguinte: Os tais responsáveis sindicais da PSP ou estão a ver fantasmas ou estão a mentir. Mas o que eu digo não se escreve. Ou deverei dizer, o que eu escrevo não se diz?
Fiquemos por aqui, pois entretanto a “caixa de Pandora” está aberta em todo o seu esplendor. As escutas telefónicas que me têm interessado (e me interessam) são as legalmente efectuadas no âmbito de um processo criminal. Tudo o mais que os serviços secretos possam fazer neste domínio – serviços esses (não se olvide) que reportam directamente ao gabinete do Primeiro-ministro – começa a dar que pensar.

Está oficialmente aberta a caixa de Pandora

Militares e PSP acreditam que são escutados ilegalmente: Dirigentes das associações profissionais de militares afirmam ter "fortes suspeitas" de estarem a ser alvo de escutas telefónicas, juntando as suas desconfianças às que foram recentemente manifestadas pelo procurador-geral da República, Pinto Monteiro. Estas suspeitas são partilhadas por alguns responsáveis sindicais da PSP, os quais afirmam que esta polícia possui, há vários anos, equipamento apropriado para escutar conversações telefónicas à distância(...).

Para já, só digo o seguinte: Os tais responsáveis sindicais da PSP ou estão a ver fantasmas ou estão a mentir. Mas o que eu digo não se escreve. Ou deverei dizer, o que eu escrevo não se diz?
Fiquemos por aqui, pois entretanto a “caixa de Pandora” está aberta em todo o seu esplendor. As escutas telefónicas que me têm interessado (e me interessam) são as legalmente efectuadas no âmbito de um processo criminal. Tudo o mais que os serviços secretos possam fazer neste domínio – serviços esses (não se olvide) que reportam directamente ao gabinete do Primeiro-ministro – começa a dar que pensar.

Pilotos

Antigamente tinha respeito pelos pilotos de aviação civil.
Até que descobri que muitos fazem a sua formação à borla na Força Aérea (ou seja pagamos todos nós) e que depois passam para a aviação comercial.
Até que descobri que muitos se reformam aos 60 anos porque não têm condições psicológicas e físicas para continuar a pilotar em Portugal e passam a trabalhar para companhias estrangeiras, cumulando salário e pensão.
Até que descobri que o seu salário (na TAP, cujos prejuízos são pagos por nós contribuintes e cujos lucros são distribuídos pelos seus funcionários) é composto por duas partes - essencialmente - a remuneração base (para pagar o seu conteúdo funcional: pilotar), e um X por cada vôo e hora de vôo.
Espero que o Governo se mantenha firme...

Pilotos

Antigamente tinha respeito pelos pilotos de aviação civil.
Até que descobri que muitos fazem a sua formação à borla na Força Aérea (ou seja pagamos todos nós) e que depois passam para a aviação comercial.
Até que descobri que muitos se reformam aos 60 anos porque não têm condições psicológicas e físicas para continuar a pilotar em Portugal e passam a trabalhar para companhias estrangeiras, cumulando salário e pensão.
Até que descobri que o seu salário (na TAP, cujos prejuízos são pagos por nós contribuintes e cujos lucros são distribuídos pelos seus funcionários) é composto por duas partes - essencialmente - a remuneração base (para pagar o seu conteúdo funcional: pilotar), e um X por cada vôo e hora de vôo.
Espero que o Governo se mantenha firme...

Belmiro, o móvel

Belmiro de Azevedo defendeu uma nova constituição para o país, que permita agilizar o investimento e a mobilidade social. Significa isto que ele acha que é a Constituição que deve regular o investimento, e também que o crescimento económico, num mundo globalizado, depende da mobilidade das pessoas, que devem poder viver no sítio onde há emprego, e quando esse emprego termina, devem ir para outro sítio.
Só que a humanidade evoluiu da mobilidade social (i.e. nomadismo) para a sedentarização, e os poucos povos nómadas são sempre olhados com desconfiança.
Ou será que Belmiro costuma contratar ciganos?

Belmiro, o móvel

Belmiro de Azevedo defendeu uma nova constituição para o país, que permita agilizar o investimento e a mobilidade social. Significa isto que ele acha que é a Constituição que deve regular o investimento, e também que o crescimento económico, num mundo globalizado, depende da mobilidade das pessoas, que devem poder viver no sítio onde há emprego, e quando esse emprego termina, devem ir para outro sítio.
Só que a humanidade evoluiu da mobilidade social (i.e. nomadismo) para a sedentarização, e os poucos povos nómadas são sempre olhados com desconfiança.
Ou será que Belmiro costuma contratar ciganos?

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

A Casa do Barqueiro, ****
Esta média mereceu totalmente o enorme aplauso de toda a sala no final da projecção. É um dos melhores momentos do festival. O doc de Jorge Murteira é uma enorme metáfora animada de Portugal (e não de um certo Portugal). Este Portugal de hoje: envelhecido, analfabeto, abrutalhado, preguiçoso, indolente, alcoólico, com uma administração publica miserável e anacrónica e uma terra linda por natureza.

Kamp Katrina, **
O terceiro mundo é aqui, rejubilava a impressa de ontem com mais uma montra da pobreza do gigante americano. Estava dado o mote para mais do mesmo. Assim foi. Os novos voyeurs da tragédia americana enchem a sala para verem andrajosos que tentam salvar andrajosos. Ali no Intendente ou no Casal Ventoso também há disso. Esquizofrénicos. Três refeições quentes servidas por voluntários. Também há tendas e seringas, coca e heroína. E bebes prematuros, também. A câmara de vídeo está lá em casa, esperando que um dia me apeteça fazer um filme assim. Pode ser que seja exibido num qualquer festival de cinema documental em New Orleans.
“Lembra o celebre Torrebela” dizia a sinopse oficial. Mentirosos!
Repete dia 26 no Grande Auditório da Culturgest às 14.30. De fugir e nem para traz olhar.

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

A Casa do Barqueiro, ****
Esta média mereceu totalmente o enorme aplauso de toda a sala no final da projecção. É um dos melhores momentos do festival. O doc de Jorge Murteira é uma enorme metáfora animada de Portugal (e não de um certo Portugal). Este Portugal de hoje: envelhecido, analfabeto, abrutalhado, preguiçoso, indolente, alcoólico, com uma administração publica miserável e anacrónica e uma terra linda por natureza.

Kamp Katrina, **
O terceiro mundo é aqui, rejubilava a impressa de ontem com mais uma montra da pobreza do gigante americano. Estava dado o mote para mais do mesmo. Assim foi. Os novos voyeurs da tragédia americana enchem a sala para verem andrajosos que tentam salvar andrajosos. Ali no Intendente ou no Casal Ventoso também há disso. Esquizofrénicos. Três refeições quentes servidas por voluntários. Também há tendas e seringas, coca e heroína. E bebes prematuros, também. A câmara de vídeo está lá em casa, esperando que um dia me apeteça fazer um filme assim. Pode ser que seja exibido num qualquer festival de cinema documental em New Orleans.
“Lembra o celebre Torrebela” dizia a sinopse oficial. Mentirosos!
Repete dia 26 no Grande Auditório da Culturgest às 14.30. De fugir e nem para traz olhar.

Tresandando...

Pese embora o BCP tenha asseverado que o perdão de uma dívida de 12 milhões de euros a um filho de Jardim Gonçalves tinha resultado de um procedimento normal, e apesar do próprio Jardim Gonçalves ter jurado a pés juntos que não sabia de nada e que não tinha beneficiado com o guito, eis que surge mais uma pazada de estrume nesta história:
Resta saber se o BCP vai continuar a considerar esta dívida como incobrável, ou se vai aceitar o pagamento por um terceiro (que, por sinal faz partes dos órgãos do banco...), se vai perdoar juros (eram 12 milhões de euros há quanto tempo?) e já agora, resta saber por que raio Jardim Gonçalves, não tendo nada que ver com o empréstimo e com o perdão, vai assumir o pagamento...

Tresandando...

Pese embora o BCP tenha asseverado que o perdão de uma dívida de 12 milhões de euros a um filho de Jardim Gonçalves tinha resultado de um procedimento normal, e apesar do próprio Jardim Gonçalves ter jurado a pés juntos que não sabia de nada e que não tinha beneficiado com o guito, eis que surge mais uma pazada de estrume nesta história:
Resta saber se o BCP vai continuar a considerar esta dívida como incobrável, ou se vai aceitar o pagamento por um terceiro (que, por sinal faz partes dos órgãos do banco...), se vai perdoar juros (eram 12 milhões de euros há quanto tempo?) e já agora, resta saber por que raio Jardim Gonçalves, não tendo nada que ver com o empréstimo e com o perdão, vai assumir o pagamento...

Dalai na lama?

Bush não conta, claro, é dos maus. por Paulo Marcelo n'O Cachimbo de Magritte.

Dalai na lama?

Bush não conta, claro, é dos maus. por Paulo Marcelo n'O Cachimbo de Magritte.

Judite, velha e cansada



(...)Com 62 anos, a Polícia Judiciária entra na velhice da pior forma possível. Está a perder inspectores, as investigações têm tido piores resultados. É constantemente atacada sobretudo no caso Maddie.(...)

Judite, velha e cansada



(...)Com 62 anos, a Polícia Judiciária entra na velhice da pior forma possível. Está a perder inspectores, as investigações têm tido piores resultados. É constantemente atacada sobretudo no caso Maddie.(...)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCIV) - DocLisboa 2007

Beth´s Diary,***
Diário em forma de curta de uma ex-toxicodependente, prostituta com um passado miserável desde a sua infância. É um filme triste que vale pela manufactura de imagens a lembrar o universo de Nan Goldin. Mais uma rajada gelada do Vento Norte deste festival.

Enemies of Happiness,*****
Afeganistão, pós-invasão aliada. Este é o filme que conta a vida de uma jovem que diz não perceber nada de música. Alias, a única coisa que ela diz julgar perceber um pouco é de politica. O melhor filme que vi até agora. Obra-prima absoluta de coragem. Quer de Malalai Joya, a protagonista – actualmente deputada no parlamento afegão, quer das realizadoras Eva Mulvad e Anja Al-Erhayem. A força de Malalai, a sua batalha pelos mais elementares direitos consagrados no ocidente chocam brutalmente com uma cultura, aos nossos olhos, arcaica, barbara e primária. Este filme merecia exibição comercial. E divulgação universal.

The Mall,**
Mais estranhas formas de vida. Uma curta sobre um tema que merecia melhor e maior tratamento. “Escravos” que dormem durante a semana nas fundações de um prédio israelita em construção. Claramente dejaustada no programa.

These Girls,***
Retrato impressionante de um grupo de crianças, por vezes mães, vagabundas no Cairo. Filmado com enorme paciência e muita violência.

Karima,***
Profissão: dominatrix. Algo decepcionante esta historia contada por Clarisse Hahn de uma jovem de 22 anos de origem Argelina que vive em Paris. Hahn cede à tentação de mostrar demais quando devia sim procurar encontrar respostas. Ainda assim vale pela força das imagens, casando bem os diferentes patamares da vida de Karima. Quem pensava que em “Little Miss Sunshine” tinha encontrado a família mais disfuncional da história do cinema, devia por os olhos no ambiente que envolve o crescimento das irmãs e sobrinhas de Karima. Com uma diferença fundamental. A violência da vida aqui é real.

Campo Contra Campo (XCIV) - DocLisboa 2007

Beth´s Diary,***
Diário em forma de curta de uma ex-toxicodependente, prostituta com um passado miserável desde a sua infância. É um filme triste que vale pela manufactura de imagens a lembrar o universo de Nan Goldin. Mais uma rajada gelada do Vento Norte deste festival.

Enemies of Happiness,*****
Afeganistão, pós-invasão aliada. Este é o filme que conta a vida de uma jovem que diz não perceber nada de música. Alias, a única coisa que ela diz julgar perceber um pouco é de politica. O melhor filme que vi até agora. Obra-prima absoluta de coragem. Quer de Malalai Joya, a protagonista – actualmente deputada no parlamento afegão, quer das realizadoras Eva Mulvad e Anja Al-Erhayem. A força de Malalai, a sua batalha pelos mais elementares direitos consagrados no ocidente chocam brutalmente com uma cultura, aos nossos olhos, arcaica, barbara e primária. Este filme merecia exibição comercial. E divulgação universal.

The Mall,**
Mais estranhas formas de vida. Uma curta sobre um tema que merecia melhor e maior tratamento. “Escravos” que dormem durante a semana nas fundações de um prédio israelita em construção. Claramente dejaustada no programa.

These Girls,***
Retrato impressionante de um grupo de crianças, por vezes mães, vagabundas no Cairo. Filmado com enorme paciência e muita violência.

Karima,***
Profissão: dominatrix. Algo decepcionante esta historia contada por Clarisse Hahn de uma jovem de 22 anos de origem Argelina que vive em Paris. Hahn cede à tentação de mostrar demais quando devia sim procurar encontrar respostas. Ainda assim vale pela força das imagens, casando bem os diferentes patamares da vida de Karima. Quem pensava que em “Little Miss Sunshine” tinha encontrado a família mais disfuncional da história do cinema, devia por os olhos no ambiente que envolve o crescimento das irmãs e sobrinhas de Karima. Com uma diferença fundamental. A violência da vida aqui é real.

Um terramoto provocado por “uns barulhos esquisitos”

Entre os magistrados do Ministério Público pede-se a demissão do Procurador-geral da República, posição partilhada também por vários inspectores da Polícia Judiciária e juízes contactados pelo DN. Por seu lado a ASFIC é mais comedida. Apenas exige esclarecimentos.
É o que dá falar sem saber. O que na posição que Pinto Monteiro ocupa é gravíssimo. Pena é que a comunicação social e os críticos se foquem apenas na polémica dos “barulhos esquisitos”. Afinal…, quantos dos muitos que escrevem e falam terão lido a entrevista do princípio ao fim?

Um terramoto provocado por “uns barulhos esquisitos”

Entre os magistrados do Ministério Público pede-se a demissão do Procurador-geral da República, posição partilhada também por vários inspectores da Polícia Judiciária e juízes contactados pelo DN. Por seu lado a ASFIC é mais comedida. Apenas exige esclarecimentos.
É o que dá falar sem saber. O que na posição que Pinto Monteiro ocupa é gravíssimo. Pena é que a comunicação social e os críticos se foquem apenas na polémica dos “barulhos esquisitos”. Afinal…, quantos dos muitos que escrevem e falam terão lido a entrevista do princípio ao fim?

Ainda hei-de ver sangue na câmara

Sem querer vejo o “jornal da uma” na TVI. Um pesado de mercadorias choca com um pesado de passageiro no Viaduto Duarte Pacheco. Transito cortado no sentido Cascais-Lisboa. Emissão em directo do local. Um ferido imobilizado. Corpo inchado, sangue que escorre por uma perna. Uma pivot que sorri quando a emissão volta para Queluz.

Ainda hei-de ver sangue na câmara

Sem querer vejo o “jornal da uma” na TVI. Um pesado de mercadorias choca com um pesado de passageiro no Viaduto Duarte Pacheco. Transito cortado no sentido Cascais-Lisboa. Emissão em directo do local. Um ferido imobilizado. Corpo inchado, sangue que escorre por uma perna. Uma pivot que sorri quando a emissão volta para Queluz.

Campo Contra Campo (XCIII) - DocLisboa 2007

My 9/11, **
Uma curta sem brilho em complemento de "Jesus Camp". Mais uma visão do 11 de setembro. Mais uma pagina das Torres Gémeas que voa para longe. Veio aqui parar ao DocLisboa para quê?

Jesus Camp, ***
Não alinho - por razões objectivas - no coro de loas e hossanas que por ai anda em razão do filme de Heidi Ewing e Rachel Grady. Não sendo estas senhoras nenhum Michael Moore de saias para lá caminham.
Escreveu Jorge Mourinha no Público de sexta feira passada: “ (…) O que torna Jesus Camp exemplar é o modo como combina o mais puro rigor documental e a reflexão cultural sobre o mundo em que vivemos. Em nenhum momento se sente da parte de Ewing e Grady um juízo de valor sobre as pessoas que estão a filmar (…). E as realizadoras dão espaço ao contraditório na pessoa de Mike Papantonio (…)”.
Erros e mentiras. O tal Papantonio não faz contraditório nenhum. Simplesmente funciona como papagaio das realizadoras ao fazer os juízos de valor que elas não quiseram fazer. Não compreender isto ou é desonestidade intelectual (dizendo o que o “leitor tipo” quer ouvir) ou é não compreender rigorosamente nada de cinema documental. Também pode ser as duas coisas.
Posto isto o filme é terrível e assustador, retratando uma realidade nauseabunda. Um dos momentos que mais marcam é quando Becky Fischer (a organizadora daquela lavagem cerebral infantil) diz para a câmara que um liberal extremista (uma expressão tão estúpida como “tolerância zero” ou “preto esbranquiçado”) ficará horrorizado ao ver aquele filme. Fica sem dúvida, um liberal ou qualquer outra pessoa que não seja um mentecapto. Mas fica mais tranquilo ao saber que aquela madrassa evangélica já foi encerrada. Ao invés, não temos noticia que nenhuma madrassa (as islâmicas, as verdadeiras) tenham algum dia sido encerrada. O Daniel tem um belo texto (carregadinho de juízos de valor e superioridade moral – como tal deve ser dado o habitual desconto) deste este filme no Arrastão.

Repetem, ambos, dia 22 pelas 22.30 na sala 2 do Londres. A passar.

Despuès de la Revolucion, *
Dois velhos paneleiros dançam no fino bairro de Palermo em Buenos Aires. Da rua saem para um sujo quarto de hotel onde se comem com lasciva. O realizador estava na sala. Meia hora após o inicio da sessão já metade dos pagantes tinha abandonado o seu lugar. Não por certo devido ao tema, mas porque a pobreza cinematográfica era evidente. Estoicamente aguentei os restantes trinta minutos. Mas confesso que foi para patear no final da sessão. E Buenos Aires não é assim.

Campo Contra Campo (XCIII) - DocLisboa 2007

My 9/11, **
Uma curta sem brilho em complemento de "Jesus Camp". Mais uma visão do 11 de setembro. Mais uma pagina das Torres Gémeas que voa para longe. Veio aqui parar ao DocLisboa para quê?

Jesus Camp, ***
Não alinho - por razões objectivas - no coro de loas e hossanas que por ai anda em razão do filme de Heidi Ewing e Rachel Grady. Não sendo estas senhoras nenhum Michael Moore de saias para lá caminham.
Escreveu Jorge Mourinha no Público de sexta feira passada: “ (…) O que torna Jesus Camp exemplar é o modo como combina o mais puro rigor documental e a reflexão cultural sobre o mundo em que vivemos. Em nenhum momento se sente da parte de Ewing e Grady um juízo de valor sobre as pessoas que estão a filmar (…). E as realizadoras dão espaço ao contraditório na pessoa de Mike Papantonio (…)”.
Erros e mentiras. O tal Papantonio não faz contraditório nenhum. Simplesmente funciona como papagaio das realizadoras ao fazer os juízos de valor que elas não quiseram fazer. Não compreender isto ou é desonestidade intelectual (dizendo o que o “leitor tipo” quer ouvir) ou é não compreender rigorosamente nada de cinema documental. Também pode ser as duas coisas.
Posto isto o filme é terrível e assustador, retratando uma realidade nauseabunda. Um dos momentos que mais marcam é quando Becky Fischer (a organizadora daquela lavagem cerebral infantil) diz para a câmara que um liberal extremista (uma expressão tão estúpida como “tolerância zero” ou “preto esbranquiçado”) ficará horrorizado ao ver aquele filme. Fica sem dúvida, um liberal ou qualquer outra pessoa que não seja um mentecapto. Mas fica mais tranquilo ao saber que aquela madrassa evangélica já foi encerrada. Ao invés, não temos noticia que nenhuma madrassa (as islâmicas, as verdadeiras) tenham algum dia sido encerrada. O Daniel tem um belo texto (carregadinho de juízos de valor e superioridade moral – como tal deve ser dado o habitual desconto) deste este filme no Arrastão.

Repetem, ambos, dia 22 pelas 22.30 na sala 2 do Londres. A passar.

Despuès de la Revolucion, *
Dois velhos paneleiros dançam no fino bairro de Palermo em Buenos Aires. Da rua saem para um sujo quarto de hotel onde se comem com lasciva. O realizador estava na sala. Meia hora após o inicio da sessão já metade dos pagantes tinha abandonado o seu lugar. Não por certo devido ao tema, mas porque a pobreza cinematográfica era evidente. Estoicamente aguentei os restantes trinta minutos. Mas confesso que foi para patear no final da sessão. E Buenos Aires não é assim.

domingo, 21 de outubro de 2007

N MÚSICAS XXXIX

"Nude" - Radiohead


(diálogo interior:
Por que gosto eu desta música?... humm... isto parece Sigur Rós...)

N MÚSICAS XXXIX

"Nude" - Radiohead


(diálogo interior:
Por que gosto eu desta música?... humm... isto parece Sigur Rós...)

N MÚSICAS XXXVIII

"Estrela do Mar" - Jorge Palma


Sem esquecer a sua música mais recente e este fraterno video.

N MÚSICAS XXXVIII

"Estrela do Mar" - Jorge Palma


Sem esquecer a sua música mais recente e este fraterno video.

N DIAGONAIS XV

N DIAGONAIS XV

Fernando Pinto Monteiro, no melhor pano cai a nódoa

Um ano passado, mais coisa menos coisa, sobre a chegada do Conselheiro Pinto Monteiro à PGR temos de ler isto num jornal chamado Sol:

O que pensa da possibilidade de os serviços de informações fazerem escutas?
Eu vou dizer uma coisa com toda a clareza, que talvez não devesse dizer: acho que as escutas em Portugal são feitas exageradamente. Eu próprio tenho muitas dúvidas que não tenha telefones sob escuta. Como é que vou lidar com isso? Não sei. Como vou controlar isto? Não sei. Penso que tenho um telemóvel sob escuta. Às vezes faz uns barulhos esquisitos.


Perguntam-lhe alhos, o homem responde bugalhos. Porquê?
Os “barulhos esquisitos” é uma conversa tão ridícula quanto anacrónica. Caro Conselheiro, barulhos esquisitos era o que acontecia nos defuntos telefones analógicos. Defuntos, vai para uma década.
Caro Conselheiro: todos sabemos que é um homem das serras que abomina as tecnologias da informação e comunicação mas credo, está na hora de abrir os olhos a esse admirável mundo novo, sob pena de cair no ridículo e ser apelidado de pateta. Vivemos na era digital vai par uns bons pares de anos, homem. E olhe que a evolução tecnológica não para. Por outro lado, se acha que as escutas em Portugal são feitas “exageradamente” então tome providencias no sentido que deseja; tem instrumentos para isso.
Se não sabe como lidar com toda esta realidade então convide-me para seu assessor que logo, logo eu lhe tentarei explicar. É que a minha dissertação de mestrado ainda vai demorar - pelo menos - uns bons meses a ser escrita…

Fernando Pinto Monteiro, no melhor pano cai a nódoa

Um ano passado, mais coisa menos coisa, sobre a chegada do Conselheiro Pinto Monteiro à PGR temos de ler isto num jornal chamado Sol:

O que pensa da possibilidade de os serviços de informações fazerem escutas?
Eu vou dizer uma coisa com toda a clareza, que talvez não devesse dizer: acho que as escutas em Portugal são feitas exageradamente. Eu próprio tenho muitas dúvidas que não tenha telefones sob escuta. Como é que vou lidar com isso? Não sei. Como vou controlar isto? Não sei. Penso que tenho um telemóvel sob escuta. Às vezes faz uns barulhos esquisitos.


Perguntam-lhe alhos, o homem responde bugalhos. Porquê?
Os “barulhos esquisitos” é uma conversa tão ridícula quanto anacrónica. Caro Conselheiro, barulhos esquisitos era o que acontecia nos defuntos telefones analógicos. Defuntos, vai para uma década.
Caro Conselheiro: todos sabemos que é um homem das serras que abomina as tecnologias da informação e comunicação mas credo, está na hora de abrir os olhos a esse admirável mundo novo, sob pena de cair no ridículo e ser apelidado de pateta. Vivemos na era digital vai par uns bons pares de anos, homem. E olhe que a evolução tecnológica não para. Por outro lado, se acha que as escutas em Portugal são feitas “exageradamente” então tome providencias no sentido que deseja; tem instrumentos para isso.
Se não sabe como lidar com toda esta realidade então convide-me para seu assessor que logo, logo eu lhe tentarei explicar. É que a minha dissertação de mestrado ainda vai demorar - pelo menos - uns bons meses a ser escrita…

DocLisboa 2007 – Frames soltas

Pausa forçada na maratona doc do DocLisboa 2007. Com sorte, hoje, vou por a escrita em dia. Algumas notas soltas…

1. No 31 acompanha-se directas partidárias. No Blasfémias acompanha-se congressos de partidos políticos. No Corta-fitas acompanha-se semanas de moda. Nós somos muito mais cool, acompanhamos festivais de cinema (o Daniel não conta porque é de esquerda).

2. Por falar em Daniel. Afinal é mesmo verdade; o homem está acampado no festival. É rara a vez que não me tenho cruzado com ele. Na sexta-feira à tarde surpreendi-o e pedi-lhe lume, na esperança de levar uma facada sua. Felizmente não me reconheceu. Como amigo dos pobres que é lá ofereceu educadamente lume a este porco capitalista e liberal que nunca comprou um isqueiro na vida (juro!).

3. Ontem, numa pausa entre sessões, uma jovem com ar limpinho, sensual mas ligeiramente snob cruzou o seu olhar com o meu um par de vezes. Fazia o mesmo com os demais que por ali se espalhavam no foyer do Londres. Aquela jovem, muito normalizada e com ar de francesinha parisiense afinal era Clarisse Hahn, realizadora que passou um ano da sua vida junto de Karima e da comunidade fetishista da cidade Luz. No olhar de Clarisse, era fácil descobrir a sua curiosidade natural. Afinal, quem seriam estes lisboetas que numa noite quente de Outubro estavam dispostos a durante hora e meia saborear o sofrimento alheio?

4. Por falar em natureza humana…, este festival (pelo menos o que tenho visto dele, e só posso escrever do que vejo) remete-nos com violência para as cordas daquilo que pensamos ser o humanamente suportável. Ao longo destes dias, tenho me questionado amiúde, porque é que nos oferecemos a passar algumas das nossa horas vagas a sentir “desgraças”.

5. Ainda nesse sentido…, dizem que a filosofia terá nascido do espanto e do ócio. Digo eu que sem ócio não pode haver espanto. Ainda bem que há ócio. Tendo a encaixar muita coisa nestas e noutras categorias. Como na categoria “natureza humana” ou “dignidade humana”. É por certo de-formação. O DocLisboa 2007 tem tido o condão de me fazer rever tudo isto. O que parecendo difícil, não é nada fácil

6. Até onde poderá chegar a natureza humana? Haverá limite, na dor, no sofrimento, no prazer, no ódio, no amor, na paixão, na necessidade do Homem? E nós, será que conhecemos os nossos limites? Porque não os exploramos? Um dia será por certo tarde. Será?

7. Falando de coisas mais simples. É uma alegria das grandes quando encontramos (ou conhecemos) almas cinematograficamente gémeas. É sempre bom pensar: Porra, afinal não sou o único…

8. Porreiro pá!

Adenda: Perdoe-me senhor Deus eu pequei: então não é que quando cheguei à bilheteira da culturgest para ver “Zoo” a sessão estava esgotada…

DocLisboa 2007 – Frames soltas

Pausa forçada na maratona doc do DocLisboa 2007. Com sorte, hoje, vou por a escrita em dia. Algumas notas soltas…

1. No 31 acompanha-se directas partidárias. No Blasfémias acompanha-se congressos de partidos políticos. No Corta-fitas acompanha-se semanas de moda. Nós somos muito mais cool, acompanhamos festivais de cinema (o Daniel não conta porque é de esquerda).

2. Por falar em Daniel. Afinal é mesmo verdade; o homem está acampado no festival. É rara a vez que não me tenho cruzado com ele. Na sexta-feira à tarde surpreendi-o e pedi-lhe lume, na esperança de levar uma facada sua. Felizmente não me reconheceu. Como amigo dos pobres que é lá ofereceu educadamente lume a este porco capitalista e liberal que nunca comprou um isqueiro na vida (juro!).

3. Ontem, numa pausa entre sessões, uma jovem com ar limpinho, sensual mas ligeiramente snob cruzou o seu olhar com o meu um par de vezes. Fazia o mesmo com os demais que por ali se espalhavam no foyer do Londres. Aquela jovem, muito normalizada e com ar de francesinha parisiense afinal era Clarisse Hahn, realizadora que passou um ano da sua vida junto de Karima e da comunidade fetishista da cidade Luz. No olhar de Clarisse, era fácil descobrir a sua curiosidade natural. Afinal, quem seriam estes lisboetas que numa noite quente de Outubro estavam dispostos a durante hora e meia saborear o sofrimento alheio?

4. Por falar em natureza humana…, este festival (pelo menos o que tenho visto dele, e só posso escrever do que vejo) remete-nos com violência para as cordas daquilo que pensamos ser o humanamente suportável. Ao longo destes dias, tenho me questionado amiúde, porque é que nos oferecemos a passar algumas das nossa horas vagas a sentir “desgraças”.

5. Ainda nesse sentido…, dizem que a filosofia terá nascido do espanto e do ócio. Digo eu que sem ócio não pode haver espanto. Ainda bem que há ócio. Tendo a encaixar muita coisa nestas e noutras categorias. Como na categoria “natureza humana” ou “dignidade humana”. É por certo de-formação. O DocLisboa 2007 tem tido o condão de me fazer rever tudo isto. O que parecendo difícil, não é nada fácil

6. Até onde poderá chegar a natureza humana? Haverá limite, na dor, no sofrimento, no prazer, no ódio, no amor, na paixão, na necessidade do Homem? E nós, será que conhecemos os nossos limites? Porque não os exploramos? Um dia será por certo tarde. Será?

7. Falando de coisas mais simples. É uma alegria das grandes quando encontramos (ou conhecemos) almas cinematograficamente gémeas. É sempre bom pensar: Porra, afinal não sou o único…

8. Porreiro pá!

Adenda: Perdoe-me senhor Deus eu pequei: então não é que quando cheguei à bilheteira da culturgest para ver “Zoo” a sessão estava esgotada…

Há Liberdade (LXXXIII)

Bodyboarding at Porthcurno #2 por S0ulsurfing